Regime de Assad termina na Síria enquanto rebeldes reivindicam Damasco

Os EUA continuarão as suas operações no leste da Síria e tomarão todas as medidas necessárias para impedir o ressurgimento do Estado Islâmico, anunciou hoje o vice-secretário adjunto da Defesa para o Médio Oriente, Daniel Shapiro.

“Estamos cientes de que as circunstâncias caóticas e dinâmicas no terreno na Síria podem dar ao ISIS espaço para encontrar a capacidade de se tornar ativo e de planear operações externas, e estamos determinados a trabalhar com esses parceiros para continuar a degradar as suas capacidades.” ele disse na conferência de segurança do Diálogo de Manama na capital do Bahrein.

O ex-presidente da Síria, Bashar Al-Assad, deixou o país e renunciou à presidência, segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia. Não foi dito onde Al-Assad está agora.

“Como resultado das negociações entre Bashar Assad e vários participantes no conflito armado no território da República Árabe Síria, ele decidiu deixar o cargo presidencial e deixou o país, dando instruções para transferir o poder pacificamente”, disse em uma declaração hoje.

Acrescentou que a Rússia estava “acompanhando os acontecimentos dramáticos na Síria com extrema preocupação” e está “em contacto com todos os grupos de oposição sírios”.

As pessoas estão derrubando estátuas de Hafez Al-Assad, pai do presidente deposto Bashar Al-Assad, em toda a Síria, de acordo com Rami Abdurrahman, que dirige o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, um grupo de monitoramento com sede no Reino Unido.

Os rebeldes tomaram hoje o controlo de Damasco e derrubaram o governo após 50 anos de governo da dinastia Assad.

“A estátua de Hafez al-Assad foi derrubada em #Jableh, #Banias e #Tartous”, postou Abdurrahman no Facebook, observando que “as coisas não estão indo em uma direção perigosa”.

Vídeos que circulam nas redes sociais e verificados pela NBC News parecem mostrar sírios celebrando em Damasco depois que os rebeldes disseram ter capturado a cidade e deposto o presidente Bashar Al-Assad.

Filmagem feita durante a noite mostra multidões buzinando e agitando bandeiras na Praça Umayyad, um marco no coração da cidade.

Outro vídeo mostra pessoas posando para fotos e selfies ao lado e em cima de um tanque na praça, enquanto o vídeo feito hoje mostra pessoas atirando para o alto no mesmo lugar.

Hoje cedo, o grupo rebelde HTS instou as pessoas a não dispararem armas para o ar, a fim de evitar causar pânico entre as pessoas.

Sírios furiosos invadiram a Embaixada do Irã em Damasco esta manhã, depois que rebeldes sírios reivindicaram a cidade e declararam o fim do regime de Assad.

Os manifestantes derrubaram cartazes do falecido líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e do comandante iraniano Qassem Soleimani que adornavam a embaixada, enquanto escritórios dentro do prédio foram saqueados, como pode ser visto em vídeo publicado pela Associated Press.

O Irão é um aliado próximo do presidente sírio, Bashar al-Assad.

Os sírios devem enfrentar sozinhos os desafios de uma guerra civil em grande escala, disse hoje Konstantin Kosachyov, vice-presidente da câmara alta do parlamento russo, numa publicação no Telegram.

“De uma forma ou de outra, a guerra civil não terminará hoje, há demasiado conflito de interesses e demasiada oposição de forças”, disse ele. “Se o povo da Síria continuar a necessitar do nosso apoio, ele será fornecido. Mas é improvável – nas condições de uma guerra civil em grande escala. Os sírios terão de lidar com isso sozinhos.”

A captura de Damasco e uma transição de poder após 50 anos de governo da dinastia Assad levantaram preocupações sobre uma nova onda de instabilidade numa região já assolada pela guerra.

A Rússia, um aliado fundamental de Assad, desempenhou um papel fundamental no apoio ao seu regime desde que interveio em 2015 durante a guerra civil que começou em 2011. Mas o seu apoio morno a Assad nas últimas semanas não conseguiu manter os rebeldes afastados.

Os rebeldes sírios anunciaram hoje na televisão estatal que “libertaram” Damasco e derrubaram “o tirano Bashar Al-Assad”.

Falando a partir da “Sala de Operações para a Libertação de Damasco”, os rebeldes também disseram que libertaram “todos os prisioneiros detidos injustamente” das prisões do regime.

Hoje cedo, o HTS anunciou “o fim da era de opressão na prisão de Sednaya” num grupo de WhatsApp. O governo sírio deteve milhares de pessoas na prisão militar nos arredores de Damasco, segundo a Reuters.

Mohammad Ghazi al-Jalali, primeiro-ministro da Síria, disse que não deixou o país e está disposto a trabalhar com qualquer grupo quando a transição de poder começar.

“Este país pode ser um Estado normal, que constrói boas relações com os seus vizinhos sem entrar em quaisquer alianças ou blocos regionais”, disse hoje num comunicado.

“Este assunto é deixado para qualquer liderança escolhida pelo povo sírio, e estamos prontos para cooperar com eles, fornecendo toda a facilitação possível”, disse ele.

As Forças de Defesa de Israel disseram que mobilizaram forças na zona tampão e em outros locais “para garantir a segurança das Colinas de Golã e dos cidadãos de Israel”.

“Enfatizamos que as FDI não estão interferindo nos acontecimentos internos na Síria”, afirmou em uma postagem no X.

Numa postagem separada, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sarr, afirmou que as forças armadas haviam entrado na zona tampão do lado sírio da fronteira e expressou preocupação com as violações de um acordo de 1974 que estabeleceu uma zona de separação entre os dois países.

A coligação rebelde síria anunciou no domingo que continua os esforços para finalizar a transferência do poder para um órgão governamental de transição com plenos poderes executivos.

“A grande revolução síria passou da fase de luta para derrubar o regime de Assad para a luta para construir em conjunto uma Síria que seja condizente com os sacrifícios do seu povo”, afirmou num comunicado visto e traduzido pela Reuters.

A reivindicação dos rebeldes abriria um novo capítulo na guerra civil de 14 anos que devastou o país.

O presidente Joe Biden estava “monitorando os acontecimentos extraordinários na Síria e mantendo contato constante com os parceiros regionais”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Sean Savett, em comunicado ontem à noite.

Numa publicação ontem na sua plataforma Truth Social, o presidente eleito Donald Trump disse em letras maiúsculas que os Estados Unidos “não deveriam ter nada a ver” com a situação na Síria. “Esta não é a nossa luta. Deixe acontecer.

Os combatentes rebeldes dizem ter capturado a capital síria, Damasco, quando as forças governamentais leais ao presidente do país, Bashar al-Assad, foram derrotadas em questão de dias.

A reivindicação dos rebeldes abriria um novo capítulo na guerra civil de 13 anos que devastou o país.

“Declaramos a cidade de Damasco livre do tirano Bashar al-Assad”, disse Hassan Abdul-Ghani, comandante sênior do grupo militante Hayat Tahrir al-Sham, conhecido como HTS, em uma postagem no WhatsApp. “Para as pessoas deslocadas em todo o mundo, a Síria Livre espera por vocês.”

A localização de Assad não foi imediatamente conhecida. Vários relatos da mídia indicam que ele deixou Damasco, e Abdul-Ghani disse que Assad havia fugido.

A NBC News não confirmou de forma independente as alegações do rebelde.

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