TPI: Mandados de prisão para líderes de Israel e do Hamas visam quebrar ciclo de violência e vingança

TPI: Mandados de prisão para líderes de Israel e do Hamas visam quebrar ciclo de violência e vingança


O Tribunal Penal Internacional, TPI, emitiu esta quinta-feira mandados de detenção contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o antigo ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, e um comandante militar do Hamas, Mohammed “Deif”.

O porta-voz da agência, Fadi El Abdallah, falou ao UN News sobre a importância do caso na busca por justiça global, esclarecendo o significado dos mandados e os próximos passos do processo.

O significado dos mandados de prisão

Ele explicou que um mandado de prisão significa que “os juízes encontraram provas suficientes para estabelecer motivos razoáveis ​​para acreditar que o suspeito é responsável por crimes sob a jurisdição do TPI”.

Os mandados de prisão representam apenas a fase preliminar do caso, não um julgamento. O porta-voz destacou que têm importância simbólica, embora a sua implementação pareça improvável.

Para o especialista, “é fundamental que as pessoas acreditem que a lei está do seu lado e que a justiça será feita. Sem isso, o ciclo de violência e vingança perpetua-se”.

El Abdallah sublinhou que o TPI não dispõe de forças policiais ou militares para implementar os mandados de detenção e que depende da cooperação dos Estados-membros do Estatuto de Roma, o tratado que estabeleceu o tribunal.

Porta-voz e Chefe da Unidade de Assuntos Públicos do Tribunal Penal Internacional, Fadi El Abdallah

Cooperação para fazer avançar o processo

Aqueles que são partes do Estatuto têm a obrigação de colaborar. Aqueles que não o são, podem fazê-lo voluntariamente.

Destacou ainda que o TPI não realiza julgamentos à revelia, ou seja, o arguido deve comparecer pessoalmente em tribunal para que o processo avance.

Em relação à cooperação, o especialista observou que actualmente 124 países são partes no Estatuto de Roma e este número chegará em breve a 125. O porta-voz explicou que a colaboração prática envolve aspectos legais, como o cumprimento de mandados de detenção e outros processos judiciais.

O papel do judiciário israelense

No entanto, também esclareceu que os Estados não signatários, como Israel, não têm obrigação legal de cooperar, embora possam fazê-lo voluntariamente.

Quando questionado sobre o papel do sistema judicial israelita, El Abdallah explicou que o TPI funciona com base no princípio da complementaridade.

Isto significa que a responsabilidade principal cabe aos sistemas judiciais nacionais. No entanto, “se não houver investigações genuínas sobre os crimes e indivíduos em questão, o TPI assume a jurisdição”.

Explicou que o princípio exige avaliações contínuas e específicas da atividade dos sistemas nacionais.

Risco de pressão política

A entrevista também abordou as implicações das sanções ou da pressão política contra o TPI. El Abdallah afirmou que os juízes têm o mandato de aplicar a lei e “não devem considerar as repercussões políticas, apenas as provas e as regras aplicáveis”.

Reafirmou a importância do apoio dos Estados Partes para garantir a integridade dos processos judiciais.

Na decisão de quinta-feira, os juízes também indicaram que os mandados de prisão são secretos. No entanto, os juízes decidiram tornar públicos alguns elementos porque constataram que certas condutas identificadas como alegados crimes na decisão parecem ainda estar em curso.

Além disso, os juízes foram motivados pela necessidade de destacar as medidas tomadas pelo sistema de justiça para as famílias das vítimas e para as próprias vítimas.



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