PMA suspende operações em Gaza após ataque a veículo humanitário

O Programa Alimentar Mundial, PMA, suspendeu temporariamente as suas operações na Faixa de Gaza depois de um veículo ter sido alvejado quando regressava de uma missão, a poucos metros da fronteira controlada por Israel, esta quarta-feira.

A diretora executiva da agência da ONU, Cindy McCain, afirmou que o incidente “é totalmente inaceitável” e amplia a série de ocorrências que colocam em risco a vida da equipe do PAM em Gaza.

Segurança dos trabalhadores humanitários

Ela apelou às autoridades israelitas e a todas as partes envolvidas no conflito para que agissem imediatamente para garantir a segurança de todos os trabalhadores humanitários em Gaza.

Segundo o responsável da PMA, ninguém ficou ferido no ataque, mas estes acontecimentos demonstram que o actual sistema de redução de conflitos está a falhar.

O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, também falou sobre o incidente, destacando que o veículo humanitário da ONU atingido estava claramente marcado e fazia parte de um comboio totalmente coordenado com as Forças de Defesa de Israel.

Mesmo assim, o carro foi atingido 10 vezes por fogo das FDI, “incluindo balas que atingiram as janelas dianteiras”. Ele acrescentou que a organização continua a trabalhar com as autoridades israelenses para garantir que incidentes como este não aconteçam novamente”.

Direito internacional

Stéphane Dujarric reiterou que as partes devem respeitar o direito humanitário internacional e que os civis devem ser protegidos e ter as suas necessidades essenciais, incluindo alimentos, água, abrigo e cuidados de saúde, satisfeitas “onde quer que estejam em Gaza”.

Explicou que isto também se aplica “a quem está sob ordem de evacuação, independentemente de se deslocar ou não, e quem sai deve ter tempo suficiente para o fazer, bem como uma rota segura e locais seguros”.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos, Unrwa, também tem apontado que a violência está a causar atrasos no início da campanha de vacinação infantil contra a poliomielite no enclave.

Esta quarta-feira, a Unrwa destacou na sua rede social que a crise humanitária na região criou um ambiente propício ao surgimento da doença. Gaza não teve registos de casos de poliomielite durante 25 anos. Segundo o órgão, a expectativa é de que 3 mil pessoas, incluindo mil funcionários, iniciem a campanha no próximo domingo, 1º de setembro.

© UNOCHA/Médicos Sem Fronteiras

Trabalhadores humanitários avaliam os danos após um ataque militar a um campo de refugiados em Jenin. (arquivo, julho de 2023)

Cisjordânia

À medida que a crise na Cisjordânia continua a aumentar juntamente com a guerra em curso em Gaza, o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, apelou à “cessação imediata” das operações militares israelitas no território palestiniano ocupado.

A intervenção feita pelo líder das Nações Unidas na noite de quarta-feira ocorre em meio a uma das maiores operações das Forças de Segurança de Israel na Cisjordânia em anos. As incursões, com ataques aéreos incluindo drones, mataram 17 pessoas, segundo a mídia palestina.

Num comunicado, o porta-voz do chefe da ONU disse estar profundamente preocupado com os ataques aéreos nas províncias de Tulkarm e Tubas, que causaram vítimas e danos às infra-estruturas públicas.

No seu apelo ao fim da violência na Cisjordânia, o secretário-geral disse que os últimos “desenvolvimentos perigosos” estavam a “alimentar uma situação já explosiva na Cisjordânia ocupada e a minar ainda mais a Autoridade Palestiniana”.

Conselho de Segurança

Os comentários do chefe da ONU precedem uma reunião do Conselho de Segurança nesta quinta-feira. A reunião urgente sobre a escalada da crise foi convocada a pedido do Reino Unido.

Os 15 estados membros do organismo reúnem-se no meio de crescentes tensões e trocas de ataques entre o norte de Israel e os combatentes do Hezbollah baseados no sul do Líbano, além da guerra em Gaza.