As agências das Nações Unidas apelaram a pausas humanitárias na Faixa de Gaza durante sete dias para permitir duas campanhas de vacinação para evitar a propagação da variante circulante do poliovírus tipo 2.
O plano é vacinar mais de 640 mil crianças após a descoberta do agente causador da poliomielite nas águas residuais do território. O pedido surge na sequência da emissão de uma nova evacuação de áreas no sul e centro de Gaza, anteriormente consideradas uma zona humanitária segura.
Unidades de saúde e agentes comunitários
A Organização Mundial da Saúde, a OMS, e o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, planeiam que a imunização ocorra entre o final de agosto e setembro.
Para os órgãos, a pausa nos combates permitiria que crianças e famílias chegassem às unidades de saúde com segurança e os agentes comunitários teriam acesso aos menores sem possibilidade de chegar a esses locais.
O comunicado das duas agências sublinha que sem pausas humanitárias a entrega da campanha não será possível.
A Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras aos Refugiados Palestinianos, Unrwa, lamentou que novas ordens de evacuação tenham sido emitidas pelas autoridades israelitas, mesmo dentro da chamada “zona de segurança humanitária”.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, até 15 de agosto, pelo menos 40.005 palestinos teriam sido mortos e outros 92.294 feridos.
Escala de morte e destruição
Para a Unrwa, a situação faz com que “mais uma vez o medo se espalhe, pois as famílias não têm para onde ir e permanecem presas num pesadelo interminável de morte e destruição numa escala impressionante”.
Num outro desenvolvimento, a porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, comentou as mortes na aldeia de Jit, na Cisjordânia. Ela destacou que o ataque isolado das forças israelenses “é a consequência direta da política de assentamentos” na área.
Ela lembrou relatos nos últimos anos de ataques realizados por ocupantes de assentamentos contra comunidades palestinas em suas terras na Cisjordânia, marcadas pela impunidade, que ela considera “o cerne da questão”.
Mortes na Cisjordânia
Estima-se que desde 7 de outubro tenham morrido 609 habitantes na Cisjordânia, incluindo 146 crianças. O número inclui oito mulheres e pelo menos quatro pessoas com deficiência em atos que o gabinete enfatiza que “precisam parar e a chave para isso será responsabilizar os perpetradores”.
Por outro lado, a Relatora Especial da ONU sobre Tortura, Alice Jill Edwards, condenou a mais recente alegação de agressão sexual perpetrada por soldados israelitas contra um homem palestiniano sob custódia.
A medida surge na sequência de uma comunicação formal com Israel, em Maio, sobre várias alegações de tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes contra palestinianos detidos desde o início dos combates, há 10 meses.
* Os Relatores Especiais atuam a título individual, não são funcionários da ONU e não recebem salário.
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