OMS diz haver mais de 10 mil pessoas precisando de evacuação médica em Gaza

A Organização Mundial da Saúde, OMS, informou que a Faixa de Gaza tem mais de 10.000 pacientes que precisam ser evacuados por razões médicas.

A informação foi publicada esta sexta-feira, em Genebra, horas depois de ter sido realizada a primeira operação de transferência desde o encerramento da passagem de Rafah, em 7 de maio.

Rafah e Karem Shalom

Nas redes sociais, o diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus, saudou a operação que beneficiou 21 pacientes do território que sofre com o conflito. Os pacientes vão para destinos como Egito, Cisjordânia, Jerusalém Oriental e, a partir desses pontos, para outros países se necessário.

O chefe da OMS fez um pedido às partes envolvidas para garantirem uma evacuação médica fácil através de todas as rotas possíveis, incluindo Rafah e Karem Shalom.

Tedros Ghebreyesus apela a que as evacuações médicas sejam sustentadas e que o processo seja seguro, oportuno, transparente e organizado para os pacientes que carecem de cuidados especializados essenciais, impossíveis de obter em Gaza.

Dentro do território, os trabalhadores humanitários citam obstáculos na prestação de ajuda, tais como acesso difícil, falta de combustível e suprimentos para apoiar os necessitados.

14% de entrada de combustível

Segundo o Escritório da ONU para Assistência Humanitária, Ocha, desde o início deste ano apenas 14% do combustível que entrava em Gaza por mês antes de outubro de 2023 foi autorizado. São 2 milhões de litros, em comparação com os 14 milhões de litros anteriores.

A especialista em comunicações da Agência de Assistência e Obras da ONU para Refugiados Palestinos, Unrwa, Louise Wateridge, disse que os bombardeios do norte, centro e sul fazem de Gaza um inferno na Terra, na área que ela chama de “muito quente”.

Tedros Ghebreyesus pede que as evacuações médicas sejam mantidas

As temperaturas sobem em meio ao “lixo que se acumula por toda parte e às pessoas que vivem sob lençóis de plástico” na Faixa de Gaza.

Ela estava na passagem de Kerem Shalom, no extremo sul, que também sofre com o conflito desencadeado pelos ataques terroristas liderados pelo Hamas e pela tomada de reféns por Israel no dia 7 de outubro.

Cobertores ou lonas plásticas em vez de paredes

Wateridge disse ter visto tudo “destruído” em Rafah e perto do local para onde foi pela primeira vez depois de maio, quando as forças israelenses tomaram a principal passagem de fronteira. Esta situação “tornou a entrega de ajuda a Gaza ainda mais difícil”.

Em Khan Younis, o trabalhador humanitário descreveu uma cena “chocante” com muitas famílias vivendo dentro dos esqueletos de edifícios destruídos. Ela falou de “cobertores de plástico ou lonas colocadas onde as paredes foram destruídas”.

O responsável da Unrwa também confirmou relatos de um “colapso na lei e na ordem”, após quase nove meses de intensos bombardeamentos por parte das forças israelitas. Segundo ela, esta é uma “situação que se tornou normal” para os moradores.

Em Gaza, as pessoas param camiões de ajuda à procura de alimentos enquanto atravessam Kerem Shalom. Ela também disse que a estrada estava cheia de agressores e centenas de homens armados.

Wateridge citou danos causados ​​às instalações da ONU no caminho de Kerem Shalom para Khan Younis, Deir al Balah e além. Permanecem buracos causados ​​por bombardeios e danos a outras passagens destruídas no conflito.