Na Síria, enviado da ONU apoia transição política e recuperação econômica

O enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Geir Pedersen, reuniu-se esta segunda-feira em Damasco com o comandante da nova administração, Ahmed al-Sharaa, e com o primeiro-ministro do governo interino, Mohammed al-Bashir.

O representante da ONU destacou a necessidade de uma “transição política credível, inclusiva e liderada pela Síria”, baseada nos princípios da resolução 2254 do Conselho de Segurança de 2015.

Processo político inclusivo

Pedersen tem vários compromissos agendados para os próximos dias na capital e reafirmou que as Nações Unidas pretendem prestar assistência integral ao povo sírio.

Ao chegar a Damasco no domingo, o enviado especial afirmou que o país viveu “imensas mudanças” desde 8 de dezembro, quando o presidente Bashar al-Assad foi deposto pelas forças rebeldes lideradas pelo grupo armado Hayat Tahrir al-Sham. , HTS.

Ele destacou que é necessário lançar um processo político que “inclua todos os sírios” e seja liderado pelos próprios cidadãos do país.

Para Pedersen, o segundo desafio é garantir que as instituições do Estado estejam operacionais, garantindo a prestação de serviços, a ordem pública e a segurança.

Ajuda humanitária, recuperação económica e justiça

Relativamente à crise humanitária, disse que é necessário garantir que a Síria receba mais assistência “imediatamente” para a população e para todos os refugiados que desejam regressar.

O enviado especial disse esperar ver um “fim rápido” para as actuais sanções económicas para facilitar a recuperação e reconstrução da Síria.

Pedersen defendeu também um “sistema de justiça confiável”, que não se baseie na vingança e promova a responsabilização de quem cometeu crimes no regime anterior.

Num comunicado divulgado esta segunda-feira, a Comissão de Inquérito da ONU para a Síria fez um novo apelo à proteção dos civis, ao tratamento humano daqueles que depuseram as armas e à proteção das provas dos crimes.

Preservação de provas de crimes

A Comissão concluiu que o antigo governo cometeu crimes de guerra e crimes contra a humanidade, incluindo extermínio, homicídio, violência sexual, tortura, desaparecimento forçado e outros actos desumanos.

A nota destaca a importância de preservar todas as provas e cenas de crime, incluindo valas comuns, para documentação e análise forense.

O órgão apelou ao governo provisório para que garanta que os registos dos presos sejam protegidos e guardados nos locais onde foram encontrados, para que possam ser utilizados em futuros processos de responsabilização.

Em visita ao país, o diretor do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, no Médio Oriente, Eduardo Beigbeder, afirmou que a proteção e o bem-estar das crianças continuam a ser fundamentais durante este período de transição.

O subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, também estará em Damasco esta semana.