Guterres pede rápida implementação de acordo por cessar-fogo e libertação de reféns em Gaza

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o acordo para cessar-fogo em Gaza e libertar todos os reféns precisa ser implementado rapidamente.

A caminho da Jordânia para uma conferência internacional sobre a situação humanitária no enclave, o chefe da ONU elogiou a resolução adoptada pelo Conselho de Segurança e insistiu que, após oito meses de violência, “o horror deve acabar”.

Acordo de cessar-fogo

Ele saudou a iniciativa de paz recentemente sugerida pelo governo americano e apelou a todas as partes para “aproveitarem esta oportunidade e chegarem a um acordo”.

Guterres reforçou o seu apelo para que as obrigações decorrentes do direito humanitário internacional sejam respeitadas, incluindo a facilitação da entrega de ajuda humanitária dentro e fora de Gaza.

Na segunda-feira, o texto redigido pelos EUA apelava ao Hamas para que aceitasse uma proposta de cessar-fogo anunciada em 31 de maio pelo presidente Joe Biden, que já foi aceite por Israel, segundo a Casa Branca.

O texto apela a ambas as partes para que implementem integralmente os termos da proposta “sem demora e sem condições”. Foi adotado por ampla maioria, com 14 votos a favor e a abstenção da Rússia, que optou por não exercer o seu poder de veto.

A Unrwa continua a prestar assistência médica a pessoas vulneráveis, incluindo crianças e idosos

Apoiando a Unrwa

No evento de terça-feira, o secretário-geral insistiu que a presença da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos, Unrwa, continuará a ser fundamental “não só durante o conflito, mas também depois”. A entidade foi condenada pelos líderes israelenses.

Segundo dados apontados por Guterres, os últimos relatórios revelam que cerca de 60% de todos os edifícios residenciais e pelo menos 80% das instalações comerciais foram danificadas pelo bombardeamento israelita de Gaza, com instalações de saúde e instituições de ensino reduzidas completamente destruídas.

Além disso, mais de 1 milhão de crianças sofreram traumas e precisam de apoio psicossocial e da “segurança e esperança que as suas escolas costumavam proporcionar”. O líder das Nações Unidas insistiu que apenas a Unrwa tem a capacidade, as competências e as redes necessárias para apoiar o povo palestiniano no enfrentamento do imenso desafio da saúde e da educação.

A prestação de assistência médica em Gaza “está por um fio”

Obstáculos para acessar ajuda

O chefe da ONU reforçou os alertas dos trabalhadores humanitários sobre a emergência causada pela falta de acesso à ajuda.

Ele observou que “pelo menos metade de todas as missões de ajuda humanitária têm acesso negado, são impedidas ou canceladas por razões operacionais ou de segurança”.

Em Genebra, o escritório de direitos humanos da ONU expressou “profundo choque” com o impacto da operação de libertação de reféns no campo de refugiados de Nuseirat, em Gaza, no fim de semana.

O porta-voz Jeremy Laurence disse que centenas de palestinos, muitos civis, foram mortos e feridos e que a forma como o ataque foi conduzido “numa área tão densamente povoada põe seriamente em questão” se as forças israelenses respeitaram os princípios de distinção, proporcionalidade e precaução, conforme estabelecido nas leis da guerra.