Guterres chocado com ataques em “zona humanitária” na Faixa de Gaza

A Organização Mundial da Saúde, a OMS e parceiros estão a ajudar a tratar os feridos após os ataques aéreos levados a cabo este sábado pelas forças israelitas na zona de Al Mawasi, em Gaza. Os bombardeiros deixaram pelo menos 90 mortos e cerca de 300 feridos, segundo dados do Ministério da Saúde local.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse através do seu porta-voz na noite de sábado que estava “chocado e triste com a perda de vidas”. Autoridades israelenses disseram que este foi um ataque de “precisão” que teve como alvo o comandante militar do Hamas. O ataque ocorreu perto da cidade de Khan Younis, numa área designada pelos militares israelitas como zona segura para civis.

Não há lugar seguro em Gaza

O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, disse que os relatórios indicam que o ataque atingiu uma área densamente povoada considerada uma zona humanitária, que abriga pessoas deslocadas. Numa nota, acrescenta que o chefe das Nações Unidas condena o assassinato de civis, incluindo mulheres e crianças.

António Guterres sublinha ainda que deve haver um cessar-fogo humanitário imediato, com todos os reféns libertados “imediata e incondicionalmente”.

Nas redes sociais, o chefe da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que 134 “pessoas gravemente feridas” foram internadas no vizinho Complexo Médico Nasser, “que está extremamente sobrecarregado pelo influxo”.

Vários hospitais estão tratando os feridos

Ele disse que funcionários da agência de saúde da ONU estavam no hospital junto com duas equipes médicas de emergência ajudando no tratamento dos feridos. A OMS enviou camas dobráveis ​​e macas para aumentar a capacidade hospitalar. Além disso, medicamentos pré-posicionados e suprimentos para traumas estão sendo utilizados.

Alguns dos feridos também foram levados para um hospital de campanha administrado pelo Corpo Médico Internacional em Deir Al Balah, onde foram fornecidos suprimentos da OMS para atender às necessidades urgentes de cerca de 120 pessoas.

Outros hospitais de campanha de ONG também receberam pacientes que necessitavam de tratamento urgente.

A oficial sênior de comunicações da agência de refugiados da ONU para refugiados palestinos, Unrwa, Louise Wateridge, publicou um vídeo do hospital Al Nasser na tarde de sábado, onde trabalhadores estavam “limpando poças de sangue apenas com água”. Ela descreveu crianças deitadas em colchões manchados de sangue, traumatizadas por terem perdido familiares. Alguns perderam membros e muitos tiveram ferimentos graves.

Massacre sem sentido

A especialista independente da ONU que monitoriza os direitos humanos nos Territórios Palestinianos Ocupados, Francesca Albanese, disse estar “horrorizada” com as mortes e ferimentos sofridos durante os ataques ao que um oficial militar israelita disse ser um complexo operacional do Hamas, numa “área aberta”. .

O Hamas disse que era “falso” que Israel tivesse como alvo os seus dois principais comandantes militares. Sobre o ataque israelense que, segundo ela, foi “mais um massacre sem sentido” de civis.

Em sua rede social, a relatora especial afirmou que “a justificativa é sempre a mesma: ‘mirar os militantes palestinos’”.

Autoridades da defesa civil de Gaza também relataram que pelo menos 20 palestinos foram mortos em um ataque israelense a um centro de oração dentro do campo de Shati para deslocados a oeste da Cidade de Gaza, no sábado.