O Subsecretário-Geral da ONU para Assuntos Humanitários afirmou que, apesar da determinação em fornecer alimentos, água e medicamentos aos sobreviventes em Gaza, “os esforços para salvar vidas estão no seu limite”.
Tom Fletcher citou vários exemplos de ataques e saques nos últimos dias que impossibilitaram a assistência. Para ele, estes incidentes fazem parte de um “perigoso padrão de sabotagem e perturbação deliberada”.
Ataques israelenses em missões humanitárias
No fim de semana um ataque israelita feriu gravemente três pessoas num conhecido ponto de distribuição de alimentos onde um parceiro do Programa Alimentar Mundial PMA.
No domingo, soldados israelitas dispararam mais de 16 tiros contra um comboio da ONU claramente identificado quando este se aproximava de um posto de controlo. A missão, organizada pelo PMA, obteve autorização total de Israel. Felizmente, nenhum dos oito funcionários ficou ferido.
Na noite da última sexta-feira, as forças israelenses intensificaram os ataques durante a movimentação de um comboio de ajuda humanitária de 74 caminhões. Um tiro de drone atingiu um veículo comunitário local, que protegia parte do comboio.
Além disso, na semana passada, uma missão da ONU na vizinha Jabalya encontrou soldados israelitas hostis, que ameaçaram pacientes gravemente doentes e prenderam quatro deles.
Saques de caminhões por gangues palestinas
O subsecretário-geral sublinhou que as forças israelitas são incapazes ou não querem garantir a segurança dos comboios da ONU. Para ele, as declarações das autoridades israelitas difamam os trabalhadores humanitários, mesmo quando os militares os atacam.
O responsável pela ajuda humanitária destacou ainda que não há ordem civil em Gaza e que os voluntários comunitários que acompanham as missões tornaram-se alvos de ataques.
Nos últimos dias, gangues palestinas armadas sequestraram seis caminhões-tanque que entravam na passagem de Kerem Shalom, quase ficando sem combustível que teria sido usado para operações de ajuda.
Segundo Fletcher, existe agora a percepção de que “é perigoso proteger comboios de ajuda, mas é seguro saqueá-los”.
O secretário-geral adjunto lembrou que desde os ataques do Hamas, em 7 de outubro de 2023, mais de 45 mil palestinianos e 1.200 israelitas foram mortos. Ele apelou aos Estados-membros da ONU para que garantam que todos os civis e todas as operações humanitárias sejam protegidas.
O frio torna a sobrevivência ainda mais difícil
Numa publicação nas redes sociais, a Organização Mundial da Saúde, OMS, enfatizou que à medida que as temperaturas descem em Gaza, as fortes chuvas e o frio tornam a sobrevivência ainda mais difícil para as famílias deslocadas.
Tendas inundadas e danificadas deixaram muitos sem abrigo, e as condições adversas ceifaram a vida de pelo menos sete recém-nascidos devido à hipotermia.
A porta-voz da Agência de Assistência e Trabalho das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos, Unrwa, Juliette Touma, pediu às pessoas que se colocassem no lugar de pais e mães que vêem os seus filhos morrerem congelados diante dos seus olhos.
Ela enfatizou que ver uma criança perder a vida por falta de acesso a cobertor, casaco ou sapato é algo que “não deveria acontecer no século XXI”.
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