Esta sexta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o “nível extremo” de combates e devastação em Gaza é “incompreensível e indefensável” e que todos os locais do enclave se tornaram “uma potencial zona de matança”. .
Durante a conferência de doadores da Agência de Assistência e Obras da ONU para os Refugiados da Palestina, Unrwa, realizada na sede da ONU em Nova Iorque, ele alertou que a lacuna de financiamento é “profunda”.
O período mais mortal
Segundo Guterres, “o desespero é o maior aliado da instabilidade” e o trabalho da Unrwa é um dos maiores factores que proporcionam “esperança e estabilidade numa região conturbada”.
O chefe das Nações Unidas declarou que sem o apoio e financiamento necessários à agência, os palestinianos perderão “o último raio de esperança para um futuro melhor”.
Ele também destacou que a guerra é marcada por lacunas no “respeito pelo direito humanitário internacional e no reconhecimento dos direitos humanos universais e da dignidade para todos”.
O secretário-geral condenou os ataques do Hamas em 7 de outubro e a ofensiva israelita lançada desde então. Ele destacou que o povo palestino vive “o período mais mortal” desde a criação da Unrwa.
Funcionários da ONU mortos e torturados
Guterres lembrou que 194 funcionários de agências foram mortos até agora, o maior número de mortes de funcionários na história da ONU. Muitos deles faleceram junto com suas famílias e entes queridos.
O chefe das Nações Unidas acrescentou que a Unrwa está a ser atacada de outras formas, uma vez que o pessoal tem sido alvo de protestos cada vez mais violentos e de campanhas de desinformação virulentas.
Alguns membros da agência foram detidos pelas forças de segurança israelitas e posteriormente denunciaram maus-tratos e até tortura.
Além disso, na Cisjordânia ocupada, a presença e os movimentos do pessoal da Unrwa foram severamente restringidos pelas autoridades israelitas.
Resiliência e coragem
O secretário-geral sublinhou que “apesar destes e de outros obstáculos, em condições impossíveis e no meio da sua própria dor”, as mulheres e os homens da Unrwa “continuaram corajosamente” o seu trabalho.
São médicos, enfermeiros, conselheiros, engenheiros, motoristas e muitos outros, todos “demonstrando uma coragem e solidariedade incríveis”, acrescentou Guterres.
Ele destacou que a agência é a “espinha dorsal” das operações humanitárias em Gaza e que não há alternativa que possa substituir a Unrwa.
Apoio de países
O Secretário-Geral agradeceu aos países que já prometeram apoio à agência e apelou a todos os Estados-Membros presentes na conferência para protegerem a Unrwa, bem como as equipas e o mandato da agência, inclusive através de financiamento.
Ele declarou que é hora de “pôr fim a esta terrível guerra, começando com um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza e uma libertação imediata e incondicional de todos os reféns”.
Para Guterres, em última análise, só uma solução política pode pôr fim ao conflito. O líder da ONU defendeu uma solução que “concretize uma visão de dois estados, Israel e Palestina, vivendo lado a lado em paz e segurança, com Jerusalém como capital de ambos os estados”.
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