Comboio da ONU é alvo de tiroteio em Gaza

A agência das Nações Unidas para refugiados palestinos, Unrwa, disse na segunda-feira que um comboio da ONU foi atingido por forças israelenses em um posto de controle enquanto se dirigia para a cidade de Gaza.

Segundo o comissário geral da Unrwa, Philippe Lazzarini, os camiões da ONU foram alvo de intensos tiroteios. Embora não tenha havido vítimas, as tripulações tiveram que se abaixar e se proteger durante o incidente ocorrido no domingo. Em suas redes sociais, Lazzarini cobrou responsabilização pelas ações.

A missão foi aprovada

Um veículo blindado foi atingido por “pelo menos cinco balas” enquanto esperava mesmo em frente ao posto de controlo das forças israelitas a sul de Wadi Gaza, que divide o norte e o sul do enclave.

Lazzarini disse que o carro ficou gravemente danificado e saiu do comboio. Ele disse que as equipes se reuniram novamente e finalmente chegaram à Cidade de Gaza, acrescentando que a missão foi “coordenada e aprovada” pelas autoridades israelenses “como todos os outros movimentos semelhantes da ONU”.

Novas ordens de evacuação afetam Khan Younis

A situação piorou com novos ataques aéreos israelitas e artilharia pesada atingindo alvos em aldeias a leste de Khan Younis, em Gaza. Ordens de evacuação foram emitidas pelos militares israelenses para pessoas abrigadas em áreas anteriormente designadas como zonas humanitárias “seguras” a oeste de Khan Younis.

As autoridades locais estimam que cerca de 400 mil pessoas estejam refugiadas nestas áreas. Relatos da mídia, citando fontes militares israelenses, alertaram que permanecer nessas zonas é perigoso, já que Israel planeja responder aos ataques provenientes desses locais.

De acordo com o Gabinete das Nações Unidas para Assistência Humanitária, Ocha, cerca de nove em cada 10 pessoas em Gaza foram deslocadas pelo menos uma vez desde Outubro do ano passado.

Saúde piorada

Segundo a ONU, muitos vivem em condições terríveis em meio ao “aumento” de doenças infecciosas. A Organização Mundial da Saúde, OMS, informou que, de 7 de outubro a 7 de julho, foram registrados quase um milhão de casos de infecções respiratórias agudas.

Numa atualização, a OMS afirma que também foram documentados quase 575 mil casos de diarreia aquosa aguda e mais de 100 mil casos de icterícia. O verdadeiro número de infecções é provavelmente muito maior, de acordo com a agência.

Aumento do número de assassinatos de crianças na Cisjordânia

Na Cisjordânia, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, informou que o assassinato de jovens mais do que triplicou desde 7 de outubro, em comparação com os primeiros nove meses de 2023. Um jovem palestiniano morre em média a cada dois dias.

A agência da ONU disse que 143 crianças palestinianas foram mortas na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, desde que os ataques terroristas liderados pelo Hamas em Israel desencadearam a guerra em Gaza, em comparação com 41 crianças palestinianas mortas entre Janeiro e Setembro de 2023.

De acordo com a Unicef, duas crianças israelitas também foram mortas na Cisjordânia como resultado da violência relacionada com o conflito durante o mesmo período e mais de 440 crianças palestinianas também foram feridas por munições reais.

Vivendo com medo todos os dias

As mortes de crianças foram registadas em 10 das 11 províncias da Cisjordânia ocupada. Mais da metade dos assassinatos ocorreram em Jenin, Tulkarm e Nablus.

De acordo com a Unicef, estas áreas registaram um aumento nas operações policiais militarizadas e em grande escala nos últimos dois anos, indicando uma mudança na intensidade e no âmbito.

A agência salienta que antes de 7 de outubro de 2023, as crianças na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, já estavam expostas aos mais elevados níveis de violência dos últimos 20 anos. Os dados indicam que 41 crianças palestinianas e seis crianças israelitas foram mortas nos primeiros nove meses do ano passado.

A UNICEF renovou o seu apelo às partes para que ponham imediatamente termo e previnam novas violações graves contra crianças, incluindo o assassinato e a mutilação de crianças. As Partes devem cumprir as suas obrigações ao abrigo do direito internacional para proteger as crianças. A agência sublinha que o direito das crianças à vida deve ser defendido e elas nunca devem ser alvo de violência, independentemente de quem sejam ou onde estejam.