Ataque israelense desativa último hospital do norte de Gaza, diz OMS

Os hospitais em Gaza tornaram-se mais uma vez campos de batalha e o sistema de saúde está gravemente ameaçado. O alerta foi feito, esta segunda-feira, pelo diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, a OMS.

Tedros Ghebreyesus disse que a situação é cada vez mais grave no norte de Gaza, depois de uma operação israelita ao hospital Kamal Adwan, seguida de ataques, que desativaram os serviços.

Destruição, evacuações forçadas e detenções

Este foi o último grande centro de saúde a funcionar na região, que ainda alberga 75 mil palestinianos.

Pacientes e funcionários foram forçados a evacuar o hospital e o diretor da unidade, Hussam Abu Safiya, foi detido. O chefe da OMS pediu sua libertação imediata.

Os relatórios iniciais indicam que algumas áreas do hospital foram queimadas e gravemente danificadas, incluindo o laboratório, a unidade cirúrgica, o departamento de engenharia e manutenção e a sala de operações.

Com o Hospital Kamal Adwan fora de serviço, pacientes críticos foram transferidos para o Hospital Indonésio, que não conseguiu tratar ninguém devido à destruição.

Pacientes vulneráveis

Esta segunda-feira, a OMS realizou uma missão no local para entregar material médico e de higiene, alimentos e água. A equipe da agência, em conjunto com parceiros, transferiu 10 pacientes críticos para o Hospital Al-Shifa.

Quatro pacientes foram detidos durante a transferência. A agência apelou a Israel para respeitar as necessidades e direitos dos pacientes.

Sete pacientes, juntamente com 15 cuidadores e outros profissionais de saúde, permanecem no hospital indonésio gravemente danificado.

Apelo ao fim dos ataques a hospitais

O Hospital Al-Ahli e o Hospital de Reabilitação Al-Wafa, na cidade de Gaza, também sofreram ataques nos últimos dias. Ambos foram danificados.

Tedros pediu o fim das ofensivas contra os hospitais.

Nos últimos dois meses, a área ao redor do Hospital Kamal Adwan sofreu ataques quase diários. Na semana passada, bombardeamentos nas imediações mataram 50 pessoas, incluindo cinco profissionais de saúde da unidade.

A equipe tentou 140 vezes acessar o norte de Gaza sem sucesso

Durante uma missão ao norte de Gaza, o chefe interino do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários nos Territórios Palestinianos Ocupados, Ocha, disse que os combates continuam na região.

Jonathan Whittall explicou que as equipas da ONU tentaram chegar ao norte de Gaza 140 vezes nos últimos dois meses e todos os pedidos foram negados.

Ele destacou que as pessoas não têm comida, água ou saneamento e “não sabem o que fazer, para onde ir ou como sobreviver”.

O representante de Ocha afirmou que os trabalhadores humanitários precisam de chegar a quem precisa de ajuda onde quer que estejam e que “as atrocidades devem acabar”.