Agências alertam sobre piora de crise humanitária e de deslocados entre Líbano e Síria

Agências alertam sobre piora de crise humanitária e de deslocados entre Líbano e Síria


Entidades humanitárias alertaram esta sexta-feira que é urgentemente necessário um cessar-fogo no Líbano para travar a escalada de violência no meio do agravamento da catástrofe para os civis expostos a ataques intensos e incursões terrestres de Israel.

A agência da ONU para os refugiados, ACNUR, apelou à comunidade internacional para apoiar o país com fundos para ajudar as pessoas afetadas, incluindo aqueles que fugiram para a Síria e outros lugares.

Uma nuvem de fumaça causada pelo impacto de um ataque com mísseis é visível sobre o bairro de Haret Hreik, em Beirute, no Líbano, em 15 de novembro.

Escalada de confrontos no Líbano

Nas últimas semanas assistimos a ataques que causaram o maior número de mortes e danos em décadas no Líbano. No total, o conflito causou mais de 3.500 mortes, 15.000 feridos e cerca de 1,3 milhões de pessoas foram afetadas e deslocadas.

Dois meses após a escalada dos confrontos no Líbano, o impacto reflecte-se nos desafios de protecção e no elevado risco enfrentado pelas pessoas vulneráveis.

Esta sexta-feira, o Programa Alimentar Mundial, PAM, anunciou que a situação no território libanês é uma das que mais influenciam o agravamento da “fome catastrófica” enfrentada na Faixa de Gaza.

Insegurança alimentar aguda

Ao apresentar o Panorama Global 2025, a agência destaca o agravamento da já terrível situação no Médio Oriente. Em Gaza, por exemplo, cerca de 91% da população sofre de insegurança alimentar aguda, com 16% a viver condições catastróficas.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, destaca a natureza particularmente destrutiva do conflito para o setor em terras libanesas.

Estima-se que 230 profissionais de saúde perderam a vida desde 8 de outubro do ano passado e foram vítimas de 47% dos ataques. Pelo menos um funcionário ou paciente do sector morreu nestes actos, numa taxa mais elevada do que em qualquer outro conflito activo.

A agência sublinha que os números revelam mais uma vez um padrão extremamente preocupante de privação dos civis do acesso a cuidados essenciais onde os prestadores de cuidados de saúde são afetados, em violação do direito humanitário internacional. A OMS recorda ainda a proibição da utilização de instalações de saúde para fins militares.

Em Gaza, cerca de 91% da população sofre de insegurança alimentar aguda, com 16% em condições catastróficas

Em Gaza, cerca de 91% da população sofre de insegurança alimentar aguda, com 16% em condições catastróficas

Ajuda para pessoas deslocadas

Cerca de 10% dos hospitais pararam de funcionar ou reduziram os serviços durante o conflito. A OMS apoia o fornecimento de artigos para prestar assistência a pessoas deslocadas em mais de mil abrigos colectivos e entrega medicamentos essenciais a centros de saúde, farmácias e bancos de sangue.

Cerca de 560 mil pessoas foram deslocadas para a Síria em busca de refúgio. Milhares de pessoas continuam a atravessar as fronteiras a pé, incluindo crianças, idosos e pessoas com deficiência.

A Cruz Vermelha juntou-se ao coro das agências das Nações Unidas que sublinham que a protecção dos trabalhadores humanitários no Líbano é agora mais crucial do que nunca.

A instituição revelou que vários dos seus voluntários sofreram ferimentos e 14 veículos foram danificados. O pedido central é o acesso seguro e desimpedido das equipas médicas no Líbano e em Gaza.



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