Nas últimas semanas, o Brasil sediou uma série de eventos relacionados às reuniões do G20, o grupo das maiores economias do mundo. Várias agências da ONU estiveram envolvidas em debates e atividades paralelas.
Como presidente interino do bloco, o governo brasileiro anunciou no dia 24 de julho, no Rio de Janeiro, uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A nova iniciativa visa abranger uma ampla gama de nações, além daquelas do G20.
Fortalecendo o combate à fome
O anúncio foi acompanhado do lançamento do relatório sobre a Estado Global da Segurança Alimentar e Nutricionalproduzido por cinco agências especializadas da ONU.
O Diretor-Geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, FAOQu Dongyu, falou no lançamento da publicação destacando que a fome diminuiu por dois anos consecutivos na América do Sul e regiões do Sul da Ásia, retirando 5,4 milhões de pessoas desta condição em 2023, em comparação com 2021.
O economista-chefe da FAO, Máximo Torero, afirmou que a Aliança estabelecida no Brasil terá um “papel central” numa “revolução” dos sistemas agroalimentares.
O objetivo da Aliança Global é obter recursos e trocar conhecimentos para a implementação de políticas públicas e sociais comprovadamente eficazes para acabar com a fome e a pobreza em todo o mundo.
Em reunião com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde, a OPAS, Jarbas Barbosa, parabenizou o governo brasileiro pela proposta.
Saúde e desigualdade
Segundo Barbosa, as populações mais pobres são as mais afetadas por doenças e expostas a fatores de risco, o que pode levar a uma redução ainda maior da renda. Afirmou que “garantir uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades, está intrinsecamente ligado ao compromisso de acabar com a pobreza, a fome e a desnutrição”.
O diretor da OPAS destacou que, nas Américas, apesar dos avanços no aumento do financiamento público para a saúde e na promoção de mecanismos de proteção financeira, os pagamentos fora do limite ainda representam uma barreira crucial no acesso aos serviços de saúde e levam as famílias à pobreza.
Enfrentar a desigualdade e garantir o acesso equitativo aos cuidados de saúde foram as principais questões levantadas por Barbosa na Cúpula Global de Preparação para a Pandemia, realizada no dia 30 de julho, também no Rio de Janeiro.
Durante o evento disse que “a pobreza e a doença são um ciclo vicioso que temos que quebrar”. Para a diretora da OPAS, “quando o setor saúde funciona bem, pode contribuir para melhorar vidas e reduzir a desigualdade”.
Trabalho e justiça social
O Diretor-Geral da Organização Internacional do Trabalho, OIT, Gilbert Houngbo, instou os ministros do trabalho e do emprego do G20 a tomarem medidas decisivas para reduzir as desigualdades, promover a igualdade de género e encorajar a diversidade no local de trabalho.
Em outra reunião de alto nível, organizada pelo Brasil na cidade de Fortaleza, nos dias 25 e 26 de julho, os ministros concordaram em um conjunto abrangente de medidas.
O objetivo é enfrentar os desafios do mercado de trabalho global, garantir transições justas e promover o trabalho digno. Os líderes comprometeram-se a criar empregos de qualidade, a promover a inclusão social e a eliminar a fome e a pobreza através de políticas sociais, económicas e ambientais coordenadas.
O chefe da OIT disse aos ministros que num mundo que enfrenta constantemente novos desafios e crises, “está a tornar-se cada dia mais claro que os esforços precisam de ser acelerados para tornar a justiça social uma realidade para todos”.
Otimismo sobre o futuro
Antes do início das reuniões do G20, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, PNUD, divulgou o relatório “Sinais em destaque de 2024”, que identifica tendências emergentes em desenvolvimento e “ideias inteligentes” para enfrentar desafios globais de longo prazo.
Tendo em mente a Cimeira do Futuro da ONU, o estudo centra-se na equidade intergeracional e identifica temas emergentes que podem ser um foco de optimismo.
Estas incluem o reconhecimento dos direitos da natureza nas constituições e nas leis, o apoio a modelos alternativos, como economias circulares ou regenerativas, e sinais de que as pessoas estão a empenhar-se na democracia de novas formas, nomeadamente através de tecnologias digitais.
O relatório é o resultado da síntese e análise de “sinais” recolhidos por uma rede de mais de 300 funcionários de agências em todo o mundo.
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