Libaneses que chegam ao Brasil enfrentam desafios financeiros e de saúde mental

Libaneses que chegam ao Brasil enfrentam desafios financeiros e de saúde mental


A Organização Internacional para as Migrações, OIM, está apoiando a operação do governo brasileiro para repatriar cidadãos do país e seus familiares que estão no Líbano.

A chefe de programas da agência, Socorro Tabosa, conversou com o UN News e descreveu o perfil de quem chega ao território brasileiro, abalado pelo conflito no país árabe entre as Forças de Defesa de Israel e o movimento Hezbollah.

Voo de repatriação do Líbano

Pessoas chegam traumatizadas e recebem atendimento de saúde

“Dessas pessoas que chegaram, 54% são mulheres e 40,4% são homens. A grande maioria são meninos, muitas crianças e muitos idosos. Então a situação de vulnerabilidade dessas famílias é muito grande. Essas pessoas que chegam ao Brasil, muitas apresentam situações de saúde mental gravíssimas e para isso existe suporte de saúde no local de desembarque, mas fornecido pelo Ministério da Saúde, mas sempre em coordenação com a OIM. Para os casos mais vulneráveis ​​em termos de saúde mental, encaminhamos para atendimento de saúde na própria base aérea.”

Ela explicou que a OIM atua em três frentes, sendo a primeira o apoio à proteção, que envolve entrevistas com as famílias para identificar as principais vulnerabilidades e assim definir o encaminhamento mais adequado.

Dificuldades financeiras

Até o momento, 2.072 pessoas foram trazidas do Líbano para o Brasil, além de 24 animais de estimação. Socorro destacou que muitos dos recém-chegados têm dificuldades financeiras para se sustentarem.

“27% dessas pessoas não têm onde ficar, nem trabalho, nem renda, nem possibilidades no Brasil. Então, é por isso que essas informações são importantes para que o governo brasileiro organize um plano de integração econômica para essas pessoas no Brasil. A maioria deles ficará em São Paulo, muitos outros irão para Foz do Iguaçu, no estado do Paraná, no Brasil, onde existe uma comunidade libanesa muito forte, uma das maiores comunidades libanesas fora do Líbano”.

Chefe de programas da OIM, Socorro Tabosa (centro)

Chefe de programas da OIM, Socorro Tabosa (centro)

A segunda linha de acção da OIM é a logística. A agência apoia o transporte da Base Aérea de Guarulhos até os hotéis, além de financiar hospedagem até que as pessoas se reorganizem para partir para seus destinos finais.

Políticas públicas apropriadas

Segundo o chefe de programas da OIM, o órgão também apoia as famílias enquanto elas aguardam o desembarque de seus parentes dos voos e passam por todo o processo de entrada no Brasil.

A terceira linha de acção da OIM é a gestão da informação, através de uma base de dados de todos os passageiros já chegados. Esses dados são utilizados para produzir relatórios que visam apoiar o governo na organização de políticas públicas adequadas.

O Brasil abriga a maior comunidade libanesa do mundo. E muitos libaneses que vivem no Líbano, em áreas como o Vale do Becá, têm dupla nacionalidade.



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