O Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, participa esta quinta-feira numa sessão do Conselho de Segurança sobre os avanços e dificuldades na implementação do Acordo de Paz assinado pelo país em 2016, entre o Governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, FARC.
Antes da sessão, ele participou da cerimônia de inauguração de um monumento doado pela Colômbia à ONU.
Violência persistente
O presente é uma escultura chamada Kusikawsay, feita com o metal fundido de 1,4 tonelada de munição que as Nações Unidas receberam durante a entrega de armas das extintas FARC.
Durante a inauguração, Petro afirmou que “um processo de paz é uma luta social, uma luta política”, travada não só pelos políticos, “mas por toda a sociedade”.
Gustavo Petro disse que o monumento representa “um legado do que resta da história republicana da Colômbia”, e que “a luta atual é integrar o país numa democracia multicolorida e justa”, tendo a paz em mente.
O presidente referiu-se à violência na Colômbia como “um mal permanente, um vício cultural” e lamentou que, ao contrário de outros países que também sofreram violência ainda mais intensa, o seu país não tenha conseguido acabar com ela.
O “país mais injusto do mundo”
Petro sustentou que na Colômbia a guerra contra a escravidão foi vencida pelos proprietários de escravos e que isso tornou o país “o mais injusto do mundo”.
Argumentou ainda que a escravatura continua a ser uma “cultura clandestina entre as elites que lideraram quase hereditariamente o país durante dois séculos” e deixou como memória “o país mais desigual socialmente”, segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, OCDE.
Após a cerimónia, Gustavo Petro participou numa reunião da Comissão de Consolidação da Paz dedicada à Colômbia, na qual indicou que o processo de paz é um processo de inclusão social do território num órgão nacional.
Neste fórum, Petro atribuiu grande parte da violência na Colômbia à guerra contra o tráfico de drogas. Segundo ele, se as drogas fossem legais, a guerra na Colômbia terminaria ali mesmo, “simplesmente assim”, “mas como isso não é possível, a guerra continua”, acrescentou.
Inspiração global
A Chefe de Gabinete do Secretário-Geral da ONU, Courtnay Rattray, esteve presente na cerimónia de inauguração do monumento e entregou uma mensagem em nome do líder da ONU, António Guterres.
Segundo ele, “o processo de paz na Colômbia continua a ser uma inspiração para o mundo inteiro”, especialmente devido ao facto de ambas as partes anteriormente em conflito estarem a trabalhar juntas para implementar o Acordo.
Rattray afirmou que “assim como as armas de guerra podem ser transformadas em arte, antigos adversários podem ser transformados em aliados para a paz”.
Quase oito anos depois da assinatura do Acordo de Paz, há muito o que comemorar, mas ainda há um longo caminho a percorrer, alertou o representante da ONU.
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