Questões de segurança afetam ajuda e aumentam deslocamentos em Moçambique

Questões de segurança afetam ajuda e aumentam deslocamentos em Moçambique


Milhares de pessoas fugiram de Moçambique devido à tensão pós-eleitoral, após semanas de protestos e validação dos resultados. O Conselho Constitucional confirmou a vitória da Frelimo, o partido no poder, e do seu candidato Daniel Chapo nas eleições presidenciais.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados, ACNUR, manifesta preocupação com o aumento do deslocamento observado no país e o seu impacto tanto nas populações afectadas como nas que se mudaram para países vizinhos.

Violência crescente

Uma nota publicada esta terça-feira revela que mais de 2.000 pessoas deslocaram-se na semana passada e pelo menos mil entraram no reino de Eswatini.

Pessoas que fugiram após a violência pós-eleitoral em Moçambique registam-se para apoio humanitário no distrito de Nsanje, no Malawi

O vizinho Malawi também acolhe refugiados e requerentes de asilo de diversas nacionalidades que recebiam abrigo em território moçambicano.

A diretora regional do ACNUR para a África Austral, Chansa Kapaya, expressou preocupação com o aumento da violência que forçou milhares de pessoas a fugir. Ela citou refugiados e civis que enfrentam riscos imensos, perdendo os seus meios de subsistência e dependendo da assistência humanitária.

O representante agradeceu ao Malawi e a Eswatini pela sua generosidade, mas destacou que é crucial “ter apoio imediato para enfrentar o agravamento da crise e evitar mais sofrimento”.

Lacunas significativas na assistência humanitária

Os recém-chegados ao Malawi disseram que fugiram de ataques e saques nas suas aldeias. Muitos deles caminharam longas distâncias e cruzaram o rio Shire a pé ou em pequenos barcos para chegar ao seu destino e estarem seguros. Entre eles estão grávidas, idosos e crianças com pouca alimentação.

O ACNUR ajudou os necessitados com tendas, cobertores e kits de higiene, mas destacou lacunas significativas na ajuda humanitária. Os abrigos estão superlotados, as instalações sanitárias são inadequadas e falta acesso a alimentos e água potável.

Em certos locais, mais de mil pessoas partilhariam uma única latrina, numa situação que aumenta significativamente o risco de contrair doenças.

Numa nota separada, a comunidade humanitária disse que suspendeu as ações de emergência no domingo por algumas horas. A medida deveu-se à insegurança gerada pelo aumento da violência na província de Nampula e nos distritos do sul de Cabo Delgado.

A situação tem o potencial de deixar as comunidades gravemente afectadas pelo ciclone Chido sem assistência humanitária imediata e essencial. Mais de 272 mil pessoas foram afetadas pela tempestade e precisam de assistência.



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