ONU pede calma em meios a protestos de rua em Moçambique

ONU pede calma em meios a protestos de rua em Moçambique


Esta quarta-feira, a capital de Moçambique, Maputo, viveu momentos de tensão na sequência da continuação das manifestações pós-eleitorais. Partes da população contestam os resultados das eleições de 9 de outubro que deram a vitória ao candidato do governo, Daniel Chapo.

Grupos de jovens saíram às ruas de Maputo com cartazes de protesto e bloquearam diversas vias de acesso à cidade, estacionando veículos nas estradas e restringindo o trânsito das 8h00 às 16h00.

Carro blindado da polícia

Imagens partilhadas nas redes sociais mostram o atropelamento de uma jovem por um carro blindado da polícia durante uma manifestação na Avenida Eduardo Mondlane, uma das principais ruas da capital.

A questão dos protestos foi mencionada em Portugal numa reunião entre o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e o Primeiro-Ministro Luís Montenegro após o fim do Fórum da Aliança das Civilizações.

Em declarações aos jornalistas em Lisboa, o chefe do governo português disse que ambos falaram sobre a situação dizendo que Portugal está preocupado e vai esforçar-se para resolver a crise que preocupa tanto o seu país como os portugueses.

“Tive a oportunidade de dizer ao secretário-geral que vamos esforçar-nos para podermos garantir a contenção, para podermos garantir a capacidade de diálogo, para podermos garantir que não haja escalada de violência em Moçambique para que ela vá além respeito pelas instituições e pelos valores democráticos, o impasse que se criou e o conflito nas ruas que infelizmente marcou aquele país amigo e irmão”.

A questão dos protestos foi mencionada em Portugal numa reunião entre o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o primeiro-ministro Luís Montenegro

Relatos de mortes e feridos

Ao mencionar os acontecimentos, a coordenadora residente da ONU em Moçambique, Catherine Sozi, fez uma publicação nas redes sociais dizendo estar profundamente alarmada com relatos de mortes e feridos, incluindo a pessoa atropelada no âmbito dos protestos.

Para Sozi, as autoridades moçambicanas devem investigar os incidentes e responsabilizar os seus autores. O chefe da ONU em Moçambique reiterou também o apelo do secretário-geral António Guterres à calma e às autoridades para que optem pela contenção necessária para garantir que os desafios do país sejam resolvidos em paz e com respeito pelo funcionamento das suas instituições.

Uso de força desnecessária ou desproporcional

Em Genebra, o Alto Comissário para os Direitos Humanos, Volker Turk, expressou a consternação das Nações Unidas com relatos de que o manifestante teria sido atropelado por um veículo policial em Maputo.

Volker Turk renovou o seu apelo à desescalada e apelou à polícia para se abster de usar força desnecessária ou desproporcional.

Dados da plataforma eleitoral indicam que, desde 21 de outubro, cerca de 67 pessoas morreram e 210 foram baleadas durante um mês de manifestações.

*Ouri Pota é correspondente da ONU News em Maputo.



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