Guterres fala de esperança renovada na inauguração da África Hall restaurada

O secretário-geral enumerou um momento de desafios e qualidades para África enumerando a esperança, as dificuldades enfrentadas pelas mulheres africanas e a falta de um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

António Guterres discursava esta segunda-feira em Adis Abeba, na Etiópia, na inauguração do modernizado Africa Hall. O líder das Nações Unidas disse que o edifício restaurado simboliza a expectativa renovada e a unidade para o continente.

“Ubuntu”

O edifício é um marco da libertação e um símbolo da unidade pan-africana e foi inaugurado em 1961 pelo imperador etíope Haile Selassie. A Organização da Unidade Africana, OUA, antecessora da agora União Africana, UA, nasceu ali, e ocorreram vários momentos cruciais na história africana.

Para Guterres, o local é uma ponte entre o passado e o futuro de África, honrando lutas e conquistas partilhadas, ao mesmo tempo que abraça aspirações comuns traduzidas no conceito “Ubuntu”. A operação de renovação do local foi apoiada pela Comissão Económica das Nações Unidas para África, ECA.

Guterres enfatizou que as instalações são de última geração no século 21 e preservam a grandeza e a história do grande continente. Disse ainda que o local convida a todos a cooperarem na busca de um futuro melhor para a região e para o mundo.

Ação resoluta e solidariedade

Apesar do que Guterres chamou de “novo começo”, ele disse que era hora de reconhecer os desafios que temos pela frente. Apontou para “desafios profundamente enraizados na história e exacerbados pelas alterações climáticas, conflitos e pobreza persistente”.

O líder das Nações Unidas destacou também que lidar com as dificuldades enfrentadas pelas mulheres africanas exige uma acção resoluta e uma solidariedade renovada.

Relativamente às instituições que necessitam de reformas, disse que muitas delas estão presas a tempos passados, incapazes de responder às aspirações e direitos do povo africano. Uma das mais relevantes é que “África ainda não tem assento permanente no Conselho de Segurança”.

Guterres também destacou a realidade das instituições financeiras internacionais que muitas vezes não conseguem fornecer aos países africanos a resposta de que necessitam em domínios como a “protecção contra o estrangulamento da dívida ou a catástrofe climática”.

8ª Conferência Anual União Africana-Nações Unidas

Para o secretário-geral, só será possível avançar se o estado das instituições globais também for renovado e atualizado, “tornando-as mais eficazes, justas e inclusivas”.

Na capital etíope, Guterres participa na 8ª Conferência Anual da União Africana-Nações Unidas. As actividades incluem a co-presidência de um debate de alto nível com o Presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat.

O foco do evento estará na cooperação entre as duas organizações, na ação conjunta e nos desafios ligados à paz, à segurança, ao desenvolvimento, aos direitos humanos e ao impacto das alterações climáticas no continente africano.