Especialistas em direitos humanos apelam ao fim imediato da violência pós-eleitoral em Moçambique

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Semanas de protestos violentos marcaram o resultado das disputadas eleições presidenciais de 9 de Outubro, que viram o candidato do partido no poder, a Frelimo, Daniel Chapo, emergir como vencedor no meio de alegações generalizadas de fraude. A Frelimo está no poder desde 1975.

Múltiplas notícias indicam que medidas violentas e repressivas foram utilizadas pelas forças de segurança contra manifestantes que participaram em manifestações pacíficas que duraram até 7 de Novembro, causando pelo menos 30 mortes – incluindo uma criança – e ferindo outras 200.

Pelo menos 300 manifestantes também foram presos em conexão com essas manifestações.

Segundo relatos, as autoridades mobilizaram militares na semana passada para reprimir os protestos, enquanto os líderes dos protestos anunciaram várias fases de manifestações, incluindo nas capitais provinciais e nos postos de fronteira.

Os manifestantes também teriam retaliado contra supostos policiais, incluindo pelo menos um assassinato, segundo as autoridades.

Violência muito perturbadora

“As violações do direito à vida, incluindo de uma criança, os assassinatos deliberados de manifestantes desarmados e o uso excessivo da força pela polícia mobilizada para dispersar protestos pacíficos em Moçambique são muito preocupantes”, disse o comunicado. Conselho de Direitos Humanos-especialistas independentes selecionados disse.

Apelamos às autoridades moçambicanas para que investiguem imediata e imparcialmente todos os homicídios ilegais.

Perguntas sobre integridade eleitoral

Os protestos surgiram quando os cidadãos questionaram a integridade das eleições, que foram marcadas por alegações de irregularidades.

As autoridades devem tomar medidas para acabar com a violência e garantir um ambiente em que todos os moçambicanos, incluindo mulheres e raparigas, possam participar plena e igualmente nos processos políticos e expressar-se sem medo”, afirmaram os especialistas.

As restrições às liberdades dos meios de comunicação social também foram amplamente divulgadas, incluindo ataques, intimidação e assédio de jornalistas e bloqueios intermitentes da Internet e das redes de telefonia móvel.

Os defensores dos direitos humanos que relataram irregularidades no processo eleitoral ou participaram em protestos foram intimidados e ameaçados.

Os direitos devem ser respeitados

Os especialistas em direitos humanos também sublinharam que a polícia “tem o dever de respeitar e proteger” aqueles que exercem o direito de reunião pacífica e que permanece neutra e imparcial durante os protestos.

Eles devem “prevenir danos e proteger o direito à vida, liberdade e segurança”dos envolvidos, disseram os especialistas.

“Instamos as autoridades moçambicanas a facilitarem o acesso à informação para todos e condenamos veementemente a interrupção generalizada dos serviços de Internet”, continuaram.

Os especialistas da ONU – que não são funcionários da ONU, não recebem salário e não representam nenhum governo ou organização – alertaram que os desaparecimentos forçados e os actos de violência ligados a disputas eleitorais podem ter consequências duradouras no quadro democrático do país.

Confirmaram o diálogo contínuo com as autoridades moçambicanas e prometeram acompanhar de perto a evolução da situação.



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