Crise humanitária no Sudão tem proporções assustadoras, diz ONU

O Sudão continua a enfrentar uma crise humanitária de “proporções assustadoras”, segundo as Nações Unidas.

Esta segunda-feira, o diretor da Divisão de Advocacia e Operações do Gabinete de Assuntos Humanitários, Ocha, Eden Wosornu, disse ao Conselho de Segurança que o país africano é agora o único local do mundo onde se confirmou o nível mais grave de fome.

Direito Internacional Humanitário

A comunidade humanitária que trabalha no Sudão relata uma propagação de casos de fome à medida que a guerra e o seu impacto sobre os civis continuam.

O representante do OCHA apelou ao Conselho de Segurança para primeiro ajudar a pressionar as partes a cumprirem o direito humanitário internacional sobre as necessidades civis essenciais. Acrescentou a necessidade de proteger activos, infra-estruturas e serviços para preservar os sistemas que produzem alimentos.

Em segundo lugar, Wosornu apelou à garantia de acesso para garantir a abertura de todas as rotas rodoviárias e aéreas, através das linhas de conflito e fronteiras, para a passagem de suprimentos de socorro e de pessoal humanitário.

Em terceiro lugar, Ocha sublinha que é necessário angariar financiamento numa escala sem precedentes para responder às necessidades, com a mobilização de apoio internacional.

Risco de fome até maio

As condições de fome foram confirmadas em cinco áreas, incluindo os campos de deslocados de Zamzam, Al Salam, Abu Shouk e as Montanhas Nuba, no Norte de Darfur. Outras 17 regiões do estado serão afetadas pelo risco de fome até maio.

As estimativas das Nações Unidas revelam que o Sudão tem actualmente mais de 11,5 milhões de pessoas deslocadas internamente. Quase 8,8 milhões foram deslocados desde Abril de 2023 e mais de 3,2 milhões fugiram para países vizinhos.

Ocha considera a situação na cidade de El Fasher catastrófica

Este ano, as organizações humanitárias pretendem apoiar cerca de 21 milhões de pessoas no Sudão, o que corresponde a quase metade da população do país.

Nova escalada de combates

Wosornu expressou profunda preocupação com a propagação das condições de fome, uma vez que o conflito armado afecta gravemente os civis, incluindo os trabalhadores humanitários, mesmo com repetidos apelos ao fim dos combates.

Relativamente aos deslocamentos em grande escala, o representante de Ocha considerou catastrófica a situação na cidade de El Fasher, no norte de Darfur.

Uma nova escalada em Dezembro, incluindo no campo de deslocados de Zamzam, causou mortes e feridos devido a bombardeamentos de artilharia. Há relatos de que várias pessoas que tentavam sair do campo foram impedidas de fazê-lo.

Os combates também continuaram noutras partes do país, incluindo na capital Cartum e nas áreas de Aj Jazirah, Sennar, Kordofan do Sul e Kordofan Ocidental.