“Tinha um pouco de ciúmes”, diz Alain Prost sobre…

O piloto francês Alain Prost, tetracampeão mundial de Fórmula 1 e principal adversário de Ayrton Senna nas pistas, foi convidado pela cervejaria Heineken para estrelar um comercial em homenagem ao piloto brasileiro. No vídeo, Prost brinda a Ayrton. Em novo vídeo, divulgado nesta sexta-feira, véspera do Grande Prêmio do Brasil, que será realizado em Interlagos, em São Paulo, Prost diz que sentiu “um pouco de inveja” do amor que os brasileiros tinham por Senna, algo que fez não aconteceu com ele na França.

Na entrevista, Prost faz uma reverência para Senna e diz que no início os dois eram amigos, mas acabaram se tornando rivais devido ao comportamento competitivo de Senna. “Ele não queria ser meu amigo enquanto corríamos porque me disse que tinha medo de que isso tirasse um pouco de sua motivação. Depois que me aposentei, acho que poderíamos nos divertir de novo”, diz o francês. Confira a entrevista completa, divulgada pela cervejaria:

Você e Senna foram protagonistas de uma das maiores rivalidades da Fórmula 1. Como era o seu relacionamento fora das pistas? É uma pergunta difícil. Nosso relacionamento era muito, muito bom no começo, quando ele entrou na Fórmula 1. E depois passamos alguns anos juntos, principalmente em 1988 com a McLaren, e depois com equipes diferentes. Em 1989, tivemos uma discussão, um mal-entendido e não nos falamos durante alguns anos. Então foram cerca de 3 períodos. Depois que me aposentei em 1993, tivemos uma ótima conexão durante todo o inverno. Lembro que grande parte das conversas que tivemos e desse relacionamento me ajudaram a entendê-lo, sua personalidade e sua vontade de me vencer. Eu entendo, eu entendo muito. O relacionamento, a forma como estávamos juntos era muito diferente dependendo do período.

Senna é o maior ídolo do Brasil. Por que você acha que ele tinha esse superpoder de unir todos os brasileiros? Não estou surpreso. Ayrton foi muito especial. Quando pessoas como eu, ao longo da minha carreira e depois, tiveram companheiros, sabiam como todos éramos, sempre deixei o Ayrton de lado, porque ele era um piloto e uma pessoa especial. Ele trouxe muito para o povo brasileiro, eu entendo isso. Cada vez que íamos ao Brasil, quando lutávamos, eu via que ficava com um pouco de inveja por ele ter quase todo o país atrás dele. Isso não aconteceu comigo. Os brasileiros são grandes fãs, e obviamente pela forma como ele deixou o nosso mundo em 1994, posso entender que é preciso manter essa memória, essa conexão. Ele queria fazer muito, tinha feito muito pelas crianças, pelo Instituto, pelas ideias que tinha para o futuro, pena que não conseguimos ver tudo. Ele conseguiu fazer muita coisa fora da Fórmula 1 e sinto que os brasileiros reconheceram e sabiam disso.

Sr. Prost, se você pudesse tomar uma última Heineken com Senna, o que diria a ele? Eu adoraria. Esse era o plano. Estávamos conversando no final de 1993 e início de 1994, tínhamos uma conexão, mais de uma ligação por semana. Estávamos conversando sobre o presente, o futuro e o que aconteceu no passado, mas não muito. Com certeza, se pudéssemos tomar um drink, eu teria muitas perguntas, muitas conversas. Foi realmente diferente; tivemos personalidades diferentes depois de partilharmos o último pódio em Adelaide, em 1993. Há muitas coisas que eu gostaria de perguntar e saber, porque ele era uma pessoa muito misteriosa. Ele não queria ser meu amigo enquanto corríamos porque me disse que tinha medo de que isso tirasse um pouco de sua motivação. Depois que me aposentei, poderíamos nos divertir novamente, eu acho.