Snoop Dog, o Wally de Paris

A melancólica derrota da seleção brasileira de basquete para os gigantes da NBA, nesta terça-feira, 6, foi assistida, de óculos escuros, pelo rapper Snoop Dog, fenômeno pop que parece se multiplicar em Paris. Ele foi visto no meio da torcida aplaudindo cada cesta feita pelo time dos sonhos, só emoção. Ele sabe que “onde está Wally?” É disso que se trata.

Snoop é fácil de encontrar. Ele errou e cruzou seu caminho. Outro dia, saindo da arena de ginástica artística, ele posou para uma foto, tirou uma selfie, sorriu e saiu em um carro preto. Discrição, de jeito nenhum. Sempre desfilando com roupas que levam as cores da bandeira americana, ele posa com atletas, entra em arenas e, inexorável destino, viraliza. Esta é a ideia.

O rapper, que surgiu na década de 1990 e nunca deixou de ser descolado, não está na cidade para passear. Ele foi contratado, e muito bem pago, para apresentar um programa da NBC sobre os Jogos cujo objetivo é justamente se misturar ao noticiário, tornando-se ele próprio um programa à parte. O jackpot ganho durante a temporada parisiense gira em torno de 500 mil dólares por dia, mas não se preocupe, ainda há bônus, estimados em cerca de 15 milhões.

Todo esse investimento é uma aposta da NBC para que possa repetir o sucesso das Olimpíadas de Tóquio em 2021, quando seu papel se restringia a comentários bem-humorados sobre o hipismo. Funcionou. Desta vez, sua presença ampliou-se consideravelmente, impulsionada por um pacote que inclui conversar com os atletas, comentar suas atuações e passear.

ENTRE LOUVRE E PHELPS

Outro dia, ele foi ao Louvre num tour privado e comentou o que viu no museu. Ainda mais engraçado foi nadar na piscina com o gênio aposentado da piscina Michael Phelps. Em meio ao refresco desses dias quentes, Snoop, defensor ferrenho da maconha desde sua legalização em alguns estados americanos, ironizou ao lado do multimedalhista: “Tenho força pulmonar para ganhar ouro graças à cannabis”, disse. Tudo foi muito bem gravado e viralizou.

Já no revezamento da tocha em Paris, ele anunciou o que estava por vir, chamando a atenção com um par de tênis dourado e balançando enquanto segurava a chama. “Estão apostando que eu serei exatamente o que sou: Snoop Dog”, diz a figura que, durante estas duas semanas, tapou o nariz e provou um escargot que lhe foi empurrado por Martha Stewart, com quem deu o que conversar sobre. na equitação e, nessa altura, apresentou um programa de culinária, revelando o seu lado desenfreado.

Os seus passos em Paris são seguidos por milhões de pessoas nas redes por pessoas da estatura do presidente Emmanuel Macron. Num daqueles dias em que Simone Biles, a espetacular ginasta americana, fazia suas piruetas na arena de Bercy, ele fez uma concessão e tirou os óculos do rosto para ver melhor. O seu espanto de olhos arregalados subiu imediatamente ao topo dos assuntos mais comentados e serviu de combustível para Macron, que publicou a imagem no X, sublinhando: “Estamos todos a ver os Jogos”. Poderia ser. Mas certamente ninguém é tão onipresente em Paris quanto Wally, do rap.