Condenado por estuprar uma menina de 12 anos em 2016, o holandês Steven Van de Velde está classificado para o vôlei de praia nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Porém, uma série de protestos e posicionamentos tentam convencer o Comitê Olímpico Internacional (COI) a impedir a participação do atleta de 29 anos.
Lauren Muir, medalhista olímpica de atletismo pela Grã-Bretanha, iniciou a petição online na plataforma Change.org contra a presença de Van de Velde em Paris.
“É uma questão pessoal para muitos de nós, nascida de um profundo senso de justiça que parece ter sido ignorado no caso de Steven van de Velde, um estuprador de crianças condenado e agora convocado para os Jogos Olímpicos”, começou Muir, descrevendo a petição.
“O histórico manchado de Van de Velde não deve ser varrido para debaixo do tapete e deve ser considerado um símbolo de conquista num evento tão prestigiado como as Olimpíadas. Apelo ao Comité Olímpico Internacional para que exclua Steven van de Velde dos próximos Jogos Olímpicos, pois ele é um violador de crianças condenado”, concluiu.
A ex-nadadora brasileira Joanna Maranhão também se posicionou contra a presença de Van de Velde nos Jogos de Paris. Ela coordena o projeto Rede de Atletas por Esportes Mais Seguros (Rede de Atletas pela Segurança no Esporte).
“Antes de tomar uma posição pública, analisamos os atuais critérios de elegibilidade para atletas participarem dos Jogos Olímpicos. Uma questão que temos levantado há muito tempo é o fracasso do código de conduta e das políticas desportivas seguras. Não se trata apenas de evitar a violência futura, mas de garantir que os representantes e atores do movimento olímpico e desportivo vivam de acordo com estas políticas desportivas seguras”, declarou Joanna Maranhão ao Gê.
“O COI não pode falar em valores olímpicos e tolerância zero ao permitir sua participação. Todo o processo foi visto e respaldado apenas pelo aspecto jurídico. A questão moral e o quão prejudicial é a sua participação para a vítima que violou e outras vítimas de violência no desporto não estão a ser consideradas em nenhum momento”, acrescentou Joanna.
Posicionamento das confederações
“Conhecemos a história de Steven. Ele foi condenado pela lei inglesa e cumpriu sua pena. Desde então, temos estado em contacto constante com ele e agora está totalmente reintegrado na comunidade holandesa do voleibol. Ele está provando ser um profissional e um ser humano exemplar e não há razão para duvidar dele desde o seu retorno”, afirmou a Federação Holandesa de Voleibol.
“Van de Velde agora atende a todos os requisitos de qualificação para os Jogos Olímpicos; Ele faz, portanto, parte da equipe”, informou o Comitê Olímpico Holandês.
O Comité Olímpico Internacional (COI) informou à imprensa que a nomeação dos atletas é “da exclusiva responsabilidade de cada respetivo Comité Olímpico Nacional”.
Entenda a condenação de Van de Velde por estupro
Em março de 2016, Van de Velde foi condenado por estuprar uma menina de 12 anos. Ele a conheceu online em 2012 e viajou para o Reino Unido para conhecê-la em 2014.
Em agosto de 2014, o holandês abusou sexualmente dela durante dois dias. O estupro foi denunciado às autoridades depois que a menina foi a uma clínica de saúde sexual para tomar medicamentos anticoncepcionais.
Steven Van de Velde foi considerado culpado de três acusações de estupro e condenado a quatro anos de prisão. Cumpriu 12 meses da pena no Reino Unido e foi extraditado para a Holanda, onde a pena foi reajustada às diretrizes locais.
No seu país natal, o crime de violação cometido por Van de Velde foi considerado “abuso sexual”, uma vez que a menina de 12 anos tinha a “capacidade de consentir”, segundo a justiça holandesa. Assim, o atleta foi colocado em liberdade condicional, tendo cumprido pouco mais de um ano da pena em regime fechado.
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