O episódio de violência entre os fãs organizados de Santa Cruz e Sport, no sábado (1º), reacendeu o debate sobre medidas de segurança nos estádios brasileiros. Horas antes do clássico de Pernambuco, vários bairros em Recife foram palco de confrontos brutais entre os fãs, resultando em pelo menos 13 feridos e 14 prisioneiros. Vídeos gravados cenas chocantesincluindo espancamento, depredação e agressões extremas. Em resposta, o governo do estado proibiu a presença de fãs nos cinco jogos seguintes de ambos os clubes, mas a decisão foi derrubada pelo tribunal, o que determinou a adoção de multidão única Nos próximos clássicos em Pernambuco.
Mas isso pode medir, adotado em São Paulo desde 2016, realmente contém violência? Para discutir o impacto da multidão e soluções únicas no problema, consulte entrevistado Paulo CastilhoO promotor responsável pela implementação da restrição nos clássicos de São Paulo. Com mais de 20 anos de experiência no combate à violência nos estádios, ele avalia o caso de recife e aponta para o Brasil para enfrentar esse desafio.
Os episódios de violência em Recife demonstram um problema pontual ou indicam uma falha estrutural na segurança dos estádios no Brasil?
Paulo Castilho – O que aconteceu em Recife não é um caso isolado, muito menos uma questão meramente esportiva. É um sério problema de segurança pública que envolve criminosos infiltrados em fãs organizados. Se olharmos para a história da violência no futebol brasileiro, veremos que há uma repetição desses episódios sempre que medidas realmente eficazes não forem implementadas.
A falha estrutural é a falta de identificação e punição dos infratores. Hoje, um fã envolvido em atos violentos pode simplesmente deixar o estado e continuar a ir a jogos em outro lugar sem ser barrado. Não existe um sistema de controle unificado, e isso compromete qualquer estratégia de segurança.
Você acredita que a multidão única poderia ter evitado o confronto em Recife?
Paulo Castilho – A multidão única é uma ferramenta para conter a violência dentro e no ambiente imediato dos estádios, mas por si só não resolve o problema. O que vimos em Recife foi um confronto que aconteceu antes da partida, em diferentes partes da cidade, que mostra que a violência já foi programada, independentemente da configuração do estádio.
O que posso dizer, com base em números, é que os fãs únicos reduziram a violência em cerca de 95% a 97% em clássicos de São Paulo desde a sua implementação. Antes da medida, era comum ver a depredação do transporte público, avenidas em avenidas e até homicídios nos dias de brincadeira. Com a adoção da multidão única, esse cenário mudou completamente. Hoje, não há mais confrontos dentro ou acesso aos estádios de São Paulo.
Para Pernambuco, a multidão única pode ajudar a reduzir a violência dentro dos estádios, mas se não houver registro obrigatório, reconhecimento facial e punição rigorosa, as lutas continuarão a acontecer em outros lugares.
Portanto, o modelo de multidão único deve ser expandido para outros estados ou há alternativas mais eficazes?
Paulo Castilho – Em clássicos de alto risco, os fãs únicos devem ser a regra, como já acontece em São Paulo. Tivemos exemplos trágicos de emboscadas e mortes em jogos como Palmeiras X Cruzeiro e Atlético-PR X Cruzeiro. No Rio de Janeiro, um fã de Palmeiras morreu depois de ser atingido por uma garrafa em um jogo contra o Flamengo. Se esse jogo tivesse sido uma multidão única, essa morte não teria acontecido.
Agora a única multidão não pode ser a única solução. O Brasil precisa de um rigoroso sistema de identificação de fãs, semelhante ao que acontece na Europa. Em países como a Inglaterra, os fãs proibidos não entram mais em estádios, e isso é monitorado com eficiência. Aqui, sem um registro nacional, a punição não funciona.
Clubes e federações afirmam que não são responsáveis pela violência de fãs organizados. Isso é verdade ou eles também são os culpados?
Paulo Castilho – Clubes e federações não só podem ser responsabilizados. Hoje, algumas associações continuam a ingressos, espaços e apoio a fãs organizados que já foram pegos em atos violentos. O que eles afirmam é que esses fãs também têm membros pacíficos – e isso é verdade – mas o problema é que, dentro deles, existem criminosos que continuam a agir de impunidade.
Se os clubes realmente quisessem combater essa violência, eles deveriam exigir registro obrigatório de seus fãs. O futebol brasileiro precisa adotar esse tipo de controle.
O que está faltando para o Brasil resolver o problema da violência entre os fãs?
Paulo Castilho – vontade política de aplicar a lei. Temos leis para punir crimes como homicídio qualificado, formação de gangues, lesão corporal, danos ao patrimônio público. O que está faltando é tornar esses criminosos realmente responsáveis.
Além disso, precisamos de um plano nacional para combater a violência nos estádios, que não depende da troca de governos. Hoje, o que acontece é que, quando há um episódio sério de violência, é formada uma comissão, as promessas se tornam e tudo remonta ao normal. Isso não pode continuar.
Se São Paulo conseguiu reduzir drasticamente a violência do estádio, outros estados podem. Mas isso requer comprometimento, tecnologia e um plano eficiente, não apenas medidas paliativas que perdem força ao longo do tempo. O Brasil precisa tratar esse problema com a seriedade necessária.
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