Lucas Bombana – Divulgada nesta quinta-feira (28/11), a mais recente pesquisa Datafolha mostrou o ranking dos maiores torcedores do Brasil. O Cruzeiro teve uma variação dentro da margem de erro em relação ao levantamento do ano passado, enquanto o Atlético continuou com o mesmo número.
O Cruzeiro aparece em sétimo lugar, com 3% da torcida brasileira. O número é menor em relação à pesquisa do ano passado, que apontava 4%, mas a variação está dentro da margem de erro da pesquisa (dois pontos percentuais, para mais ou para menos). A Raposa está empatada com Internacional e Santos.
O Atlético segue com os mesmos 2% do levantamento anterior, mas perdeu uma posição. Este ano, o Datafolha aponta que o Galo tem a décima maior torcida do Brasil, empatado com Botafogo, Fluminense e Bahia.
Ranking de torcedores segundo Datafolha
- Flamengo – 19%
- Coríntios – 14%
- Palmeiras – 7%
- São Paulo – 6%
- Grêmio – 4%
- Vasco – 4%
- Cruzeiro – 3%
- Internacional – 3%
- Santos – 3%
- Atlético – 2%
- Bahia – 2%
- Botafogo – 2%
- Fluminense – 2%
- Vitória – 1%
- Seleção Brasileira – 1%
- Outros – 4%
- Nenhum – 23%
Flamengo e Corinthians seguem na liderança
Segundo a pesquisa, os torcedores do Flamengo representam 19% dos brasileiros. Na pesquisa do ano passado, 21% responderam que eram torcedores do clube, o maior patamar da série histórica iniciada em 1993, em que o Flamengo sempre se manteve na liderança.
Também desde o início das pesquisas, o Corinthians se manteve na segunda colocação geral, com 14% das respostas, o que representa uma queda de um ponto percentual em relação ao ano passado.
Palmeiras (7%) e São Paulo (6%) vêm em seguida, com o Alviverde se isolando na terceira colocação, após o time do Morumbi ter oscilado um ponto.
Grêmio e Vasco, ambos estáveis com 4% de respostas, completam as primeiras posições da maior torcida. Depois, com 3%, aparecem Cruzeiro, Internacional e Santos.
Finalistas da Copa Libertadores, Atlético e Botafogo estão empatados na 10ª colocação, junto com Fluminense e Bahia, com 2% cada.
Com 1%, aparece o Vitória, empatado com a Seleção Brasileira.
A pesquisa entrevistou 2.004 pessoas maiores de 16 anos entre os dias 5 e 7 de novembro, em 113 municípios brasileiros. A margem de erro para a amostra total é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
TV é fator importante na liderança do Flamengo
Segundo especialistas, a influência exercida pelas emissoras nacionais de TV exerceu historicamente um peso importante a favor da liderança do Flamengo.
No Nordeste, por exemplo, o rubro-negro é o grande favorito, citado por 25% dos torcedores, seguido pelo Corinthians (8%) e Palmeiras (6%). O Sport, que garantiu o acesso de volta à Série A em 2024, é o primeiro time da região, lembrado por 5%.
O mesmo fenômeno se repete no Centro-Oeste e Norte, onde 29% dizem torcer para o Flamengo e 11% para o Corinthians. Os únicos times das regiões citadas são Remo (4%), Paysandu (2%) e Goiás (1%).
“O Norte e o Nordeste historicamente têm muitos torcedores de times cariocas devido às transmissões da Globo, que se concentravam nos times cariocas”, afirma Fábio Wolff, especialista em marketing esportivo.
No Sudeste, o Flamengo está em segundo lugar, com 15%, atrás do Corinthians, com 20%. No Sul, apenas em terceiro, empatado com o Corinthians (9%), atrás de Grêmio (23%) e Internacional (18%).
Entre os torcedores pretos e pardos, 23% afirmam torcer pelo Flamengo, ante 12% dos torcedores brancos. A distribuição geográfica pode ajudar a explicar essa diferença, já que as regiões do país onde o clube lidera também são aquelas com maior concentração de pretos e pardos, segundo o censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) —76% no Norte, 72,6% no Nordeste e 61,6% no Centro-Oeste, contra 55,4% da média nacional.
O perfil racial é mais equilibrado no caso do Corinthians, com 14% (pardos e pretos) e 13% (brancos), Palmeiras (6% e 7%) e São Paulo (6% e 6%).
A menor faixa de renda mensal familiar considerada pelo Datafolha, de até dois salários mínimos, também é a que o Flamengo lidera de longe, com 22%. Cai para 12%, no Corinthians, para 6%, no Palmeiras, e para 5%, no São Paulo.
Ao desagregar por religião, Flamengo e Corinthians têm o mesmo número de torcedores que se declaram católicos e evangélicos, com 19% e 13% cada, respectivamente. No Palmeiras predominam os católicos —9% a 5%, e há empate de 6% a 6%, em São Paulo.
Para questões de género, rendimento familiar e religião, a margem de erro pode variar entre três e sete pontos percentuais.
Wolff destaca que a tradição familiar também influencia o processo de escolha, com muitos pais transmitindo — ou pelo menos fazendo um esforço para transmitir — a sua paixão pelo futebol aos seus herdeiros.
Além disso, uma tendência relativamente recente e que vem ganhando cada vez mais espaço entre os jovens torcedores, em decorrência da globalização, é a preferência por times do exterior. “Hoje estamos falando de uma infinidade de transmissões esportivas em diversos veículos, inclusive no YouTube, que é gratuito. Isso pode contribuir e refletir nessas transformações”, afirma o especialista.
Consultor de marketing esportivo e professor do Insper, Eduardo Corch afirma que os gigantes europeus conseguem atrair o público exibindo a marca em passeios de times craques ao redor do mundo, e também oferecendo experiências e facilidades completas aos torcedores.
“Vivemos em um mundo de experiências, em que marcas, empresas e clubes de futebol precisam entregar uma boa experiência aos seus clientes”, afirma o professor. Ele diz que são aspectos que precisam ir além de um estádio limpo, moderno e seguro, com ações que aproximem clubes e jogadores dos torcedores, com benefícios de programas de adesão de torcedores e criação de conteúdo diário para as redes.
Gerente de marketing e esportes da empresa parceira torcedora Somos Young, Jorge Duarte destaca ainda que, principalmente nas cidades do interior e capitais menores, percebe que os clubes locais têm ganhado maior atenção dos moradores da região, apoiados pelas novas tecnologias.
Segundo ele, a internet e o avanço da comunicação digital permitiram aumentar a visibilidade e o engajamento. “Assim, o foco deixa de ser exclusivamente no eixo Rio-São Paulo, abrindo espaço para maior representatividade de outras equipes no Brasil.”
Torcedores do Cruzeiro são os que mais se posicionam contra ‘apostas’
Em um Campeonato Brasileiro em que a maioria dos clubes da Série A são patrocinados por apostas, a pesquisa do Datafolha revela diferenças importantes no apoio dos torcedores às empresas de apostas. apostas esportivas.
Os do Cruzeiro (73%), Santos (71%) e Internacional (68%) foram os que mais se manifestaram contra as apostas, defendendo a proibição, com menor apoio à ideia vindo do Palmeiras (58%) e do Grêmio (60). %). %) — a margem de erro varia de cinco a nove pontos percentuais quando se considera a relação entre torcedores e apostas esportivas.
Flamengo (35%), Palmeiras (32%) e São Paulo e Vasco (31%), por outro lado, têm os torcedores mais propensos a apoiar o funcionamento do negócio no Brasil, com Santos (18%) e Cruzeiro ( 20%) na extremidade oposta.
Os paulistas são os que mais disseram já ter apostado por meio de apostas, com 31% das respostas, seguidos pelos torcedores do Flamengo (28%) e dos torcedores colorados (25%). Cruzeirenses (11%) e Santos (14%) são os que menos apostam.
Ao considerar o hábito de apostar de forma mais ampla, incluindo apostas, jogos online, loterias e Jogo do Bicho, os santistas são os mais apostadores (61%), enquanto os vascaínos são os menos propensos ao hábito (34%).
Com 61%, os santistas são os que mais consideram as apostas e os jogos online um vício. Na outra ponta, apenas 43% dos torcedores do Internacional têm a mesma interpretação.
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