De São Mateus-ES à Seleção Brasileira: Savinho vive uma jornada rumo ao estrelato. Tudo começou há nove anos, em 2015, quando o atacante iniciou a carreira nas categorias de base do Atlético. Mas como aconteceu o processo de captação de uma das maiores revelações do clube alvinegro deste século? Quais foram as primeiras impressões de quem viu?
Ó No ataque conversou com o coordenador responsável por acertar a chegada do então prometido à Cidade do Galo e com o agente do jogador. Eles revelaram os bastidores do início da carreira de um dos atletas mais promissores de sua geração.
Savinho começou a jogar futebol em sua cidade natal, mas por influência do padrasto mudou-se para o Vitória. Foi num projeto local que deu os primeiros passos no futebol.
“Fui para o Vitória, comecei a jogar futebol de praia e depois fui indicado para o campo. O Santa Cruz, onde fui, jogou contra o Galo na Cidade do Galo, tipo um amistoso. O Galo me escolheu para ficar lá. Quem me escolheu foi o Everton Nogueira. E então fui para a base do Atlético”, relembrou Savinho, em entrevista ao UOL.
A visão dos ‘escoteiros’
Para o No ataque, Everton Nogueira contou como Savinho foi recrutado. Atacante do Atlético na década de 1980, o ex-jogador ainda atua como coordenador técnico na academia do clube.
“Antes, joguei muitos jogos combinados com (times do) Espírito Santo, Goiás. Eles vieram com os times para fazer jogos para testar os meninos. Essas pessoas vieram com o Sávio, estava tudo bem. Sávio foi quem mais se destacou e ficou, (sendo) aprovado por todos. Claro que tive supervisão geral, mas todos participaram. Depois convivi muitos anos com o Sávio, até ele se profissionalizar”, disse.
Juliano Rodrigues, hoje um dos responsáveis pela carreira de Savinho, lembra que o atacante não tinha o perfil físico de um atleta, pois era baixo e um pouco acima do peso.
Mesmo assim, ele confiou na qualidade técnica. Outro fator que contribuiu foi o bom relacionamento com o Atlético, principalmente com Fred Cascardo, então coordenador técnico e de arrecadação, e com André Figueiredo, então diretor de futebol juvenil.
“A categoria era maior, eu vi ele, foi no olho, ele era canhoto, um pouco gordinho, não é perfil de jogador, mas com muita qualidade. Falei com meu companheiro para deixá-lo aqui e levaríamos ele para o Atlético, porque tínhamos essa relação de confiança (com o clube)”, lembrou Juliano.
“Ele foi, o Atlético já tinha data para se apresentar, o próprio Everton já havia feito contato com ele. Everton foi quem realmente deu o ok para aprovação. Ele ficou um tempo sozinho (em Belo Horizonte), a mãe dele não veio com ele. Ele morava aqui, inclusive na casa do Yan (Philippe, companheiro de Savinho na base). Depois de alguns anos desde que minha mãe veio para cá”, acrescentou ao policial. Sinteticbool Esportes.
O que chamou sua atenção no Savinho?
Ambos sabiam que estavam observando um atleta pelo menos diferente dos demais. Canhoto, Savinho já atuava como ponta direita e chamou a atenção do Everton principalmente pela facilidade em passes e finalizações.
“Sua habilidade com a perna esquerda. Sou apaixonado por jogadores canhotos. Fui um atleta que jogava com as duas pernas, por causa do Éder (Aleixo, ídolo do Atlético) e de outras estrelas, foi isso que me chamou a atenção. A facilidade que ele tinha em colocar a bola, cortar, reverter jogadas. Faça os splashes da esquerda para a direita, que pegam o goleiro pelo lado invertido. Ele é um mestre nisso”, elogiou o ex-jogador.
“Considero-o o maior destaque (da academia do Atlético) dos últimos anos, mas gosto de citar todos os jogadores, como Rômulo, Alisson, Cadu e Isaac (todos atualmente profissionais do clube). Trabalhamos para melhorar os meninos. Mas para mim hoje o Sávio é o maior destaque dos 22 anos que trabalhei na base do Galo”, disse Everton.
Juliano, por sua vez, ficou impressionado com a habilidade do menino. “Qualidade técnica. Sou uma pessoa que avalia o atleta, também sou formado em educação física, mas vejo o futebol de forma diferente de muitos clubes, que olham para o perfil do jogador. O principal que vi nele foi a sua qualidade técnica, a sua dinâmica de jogo, a sua qualidade, o seu remate de bola, o seu controlo. Ele jogou por dentro e pelas laterais”, disse ele.
Qual é o potencial do Sávio?
Com apenas 16 anos, Savinho foi promovido ao profissional do Atlético pelo técnico argentino Jorge Sampaoli em 2020. Apesar disso, disputou apenas 35 partidas com a camisa alvinegra antes de ser vendido pelo clube ao Troyes, do Grupo City, por 6,5 milhões de euros (R$ 35,6 milhões) em 2022.
Naquele ano, foi emprestado ao PSV, da Holanda, mas não teve sucesso. Sua carreira decolou de vez com um novo empréstimo, desta vez ao Girona, da Espanha. Lá, o jovem de 20 anos marcou 11 gols e deu 10 assistências na última temporada.
Esse desempenho lhe rendeu uma vaga no elenco de 26 convocados para a Copa América. Agora, ele poderá integrar o famoso elenco do tetracampeão inglês Manchester City, comandado pelo espanhol Pep Guardiola.
“Se estiver nas mãos do Guardiola, Nossa Senhora, vai explodir ainda mais. Você viu a jogada que ele fez na seleção? Ele é um mestre nisso, carregando em alta velocidade e fazendo o passe perfeito”, disse Everton, entusiasmado com a possibilidade.
Juliano segue a mesma linha. Para ele, a atitude de Savinho fora de campo pode ajudá-lo a chegar ao mais alto nível do futebol.
“Ele pode se tornar um jogador de ponta. Boa mente, menino que não bebe, se cuida bem, tem tudo para ter sucesso. Estou sempre torcendo por ele. A venda foi muito boa, Deus nos abençoou também. Pode atingir um nível muito alto”, disse ele.
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