20 de novembro de 1994. Nessa data, que hoje completa exatamente 30 anos, o Cruzeiro perdeu para o União São João, no estádio Herminião, em Araras, interior de São Paulo, e caminhava para ser rebaixado à Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro pela primeira vez na história – até que, na bacia das almas, brilhou a estrela de um grande ídolo do Atlético, que salvou a Raposa do desastre.
Para muitos, Toninho Cerezo é o maior meio-campista da história do Galo. Mas, naquela temporada, o belo-horizontino, que passou 11 anos defendendo o time alvinegro e estava na reta final da carreira, vestiu a camisa do Cruzeiro. Aos 39 anos, o veterano, que teve duas Copas do Mundo e uma passagem de sucesso no futebol italiano, foi o autor do gol que evitou o inédito rebaixamento celeste.
O brasileiro de 1994
Na época, o Campeonato Brasileiro contava com 24 equipes, divididas em seis grupos. Os dois últimos de cada grupo iriam para a repescagem.
O Cruzeiro acabava de ser campeão mineiro, comandado por Ronaldo Fenõmeno, que, aos 17 anos, dava os primeiros passos como profissional: marcou 22 gols em 19 jogos no torneio. Porém, após a confirmação do título, o então jovem atacante foi vendido ao PSV, da Holanda. A partir daí o time declinou, e teve um péssimo desempenho brasileiro.
A campanha celeste na fase inicial da competição nacional foi abaixo do crítico, com uma vitória, dois empates e sete derrotas em 10 jogos. A equipe de Palhinha ficou em último lugar no Grupo C.
Na repescagem, disputada por oito equipes em turno e returno, os dois melhores iriam para a terceira fase, e os dois últimos cairiam para a Série B. Após 12 rodadas, a Raposa ficou na sexta colocação, com 10 pontos – empatada com o sétimo , o Remo, mas com mais uma vitória -, e precisava vencer o União São João aos 13 para se salvar do rebaixamento.
O jogo
Só a vitória importava para a Raposa. Mas, depois de um primeiro tempo sem gols, o segundo tempo começou com estrondo imediato: em quatro minutos, o União chegou a vencer por 2 a 0, dificultando a missão. Aos 10′, o Cruzeiro reduziu, com o zagueiro Rogério cobrando pênalti. Aos 14′, Cerezo fez passe que iniciou o jogo para o empate, marcado de cabeça pelo atacante Cleisson, após cruzamento de Douglas.
Os cruzeirenses viveram então 22 minutos angustiantes até que, finalmente, aos 36’ do segundo tempo, veio o gol de alívio. Toninho Cerezo infiltrou-se livremente na área de defesa do União e completou cruzamento brilhante de Cleisson na ponta esquerda. A bola ainda quicou no campo antes de balançar no canto direito do gol adversário.
O gol do Cerezo foi fundamental, pois, caso o Cruzeiro não vencesse, teria grandes chances de ser rebaixado. Na última rodada, a Raposa perdeu para o Vitória por 2 a 0 no estádio Barradão, em Salvador, enquanto o concorrente Remo venceu o Náutico por 2 a 0, no estádio Mangueirão, em Belém. Assim, o time paraense terminou o campeonato com os mesmos 12 pontos da Raposa, mas com uma vitória a menos (quatro, contra cinco do time celeste) e, portanto, foi rebaixado – terminou em sétimo, enquanto o time celeste ficou em sexto .
Relembre a passagem de Toninho Cerezo no Cruzeiro
Toninho chegou ao Cruzeiro no início de 1994 e deixou o clube no final do mesmo ano.
No total, o meia fez 31 partidas pela Raposa – 29 oficiais e dois amistosos – e, mesmo aos 9 anos, foi titular em quase todos os jogos que disputou – 29. Também marcou seis gols e conquistou o título do Campeonato Mineiro.
Toninho Cerezo fez história pelo Atlético
Os números de Toninho no Galo são bem mais impressionantes. É o 10º jogador que mais vestiu a camisa do clube na história, com 400 jogos divididos em três passagens. No total, o meio-campista marcou 53 gols com a camisa alvinegra.
Cerezo chegou ao Atlético ainda criança, formou-se no clube e, em 1972, estreou no time de juniores. No ano seguinte, passou por empréstimo no Nacional-AM e, em 1974, retornou ao Galo – desta vez, pelo time profissional.
O meio-campista estreou pela equipe principal do Galo em fevereiro de 1974, aos 18 anos. Rapidamente se consolidou como titular e foi protagonista na conquista dos campeonatos mineiros de 1976, 1978, 1979, 1980, 1982 e 1983, além de o vice-campeonato brasileiro em 1977 e 1980 e o título de Campeão dos Campeões em 1978.
Nesse período, Toninho Cerezo foi considerado por unanimidade um dos melhores meio-campistas do Brasil e do mundo, tendo integrou a seleção brasileira nas Copas do Mundo de 1978 e 1982, que marcaram época como um dos times mais icônicos da história. , mas foram eliminados precocemente pela Itália na segunda fase de grupos da competição.
Em 1983, Cerezo foi para a Itália, onde marcou passagem pela Roma, entre 1983 e 1986 – conquistou duas Copas da Itália no período – e pela Sampdoria, entre 1986 e 1991 – conquistou o Campeonato Italiano e mais duas Copas Nacionais. no período.
Toninho voltou ao Brasil para jogar pelo São Paulo, onde, entre 1992 e 1993, conquistou seu segundo título mundial interclubes e o título paulista. Em 1994, jogou pelo Cruzeiro, em 1995, pelo Paulista, em 1996, pelo América e, no mesmo ano, voltou ao Galo para sua terceira e última passagem pelo clube que o revelou.
Toninho deixou o Atlético e o futebol em 1997, aos 40 anos, após conquistar o título da Copa Centenário de Belo Horizonte.
Dois anos depois, o icônico meio-campista ainda teria uma breve passagem pelo clube alvinegro como treinador. Ele comandou o Galo por menos de dois meses, em 13 jogos – no total, foram seis vitórias, dois empates e cinco derrotas.
A notícia de que há 30 anos o ídolo do Atlético salvou o Cruzeiro do rebaixamento no Campeonato Brasileiro foi publicada pela primeira vez no No Attack de Rafael Cyrne
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