Ex-zagueiro e técnico do Atlético, Walter Olivera viveu um momento dramático. Aos 71 anos, o uruguaio ficou 34 dias em coma induzido por conta de uma pneumonia. Em entrevista ao jornal O Observadorcontou o que lembra do dia em que adoeceu, do período de inconsciência e da avaliação dos médicos.
O primeiro dia
Walter Olivera detalhou que se sentiu mal após cortar a grama de seu quintal: “Sei que sentei dentro da minha casa e minha esposa verificou minha febre, como ela me conta. Não me lembro de nada. Tive febre de 40 graus e chamaram o médico.”
Como Olivera havia visitado Rosário alguns dias antes, a equipe médica suspeitou que ele estivesse com dengue. Eles iniciaram o tratamento apenas para descobrir que haviam cometido um erro. Nesse período, a infecção bacteriana se espalhou por todo o corpo: “Bombardearam-me com remédios”.
O período inconsciente
Olivera disse que não viu nenhuma luz e não sabe se estava acima (no céu) ou abaixo: “A única coisa que lembro é que estava em uma maca alta, olhei para o lado para ver se era uma sala e havia dois ventiladores no teto. . Havia três ou quatro caixões. E os ventiladores começaram a demolir o ambiente inteiro e caíram em cima das gavetas. Lá eu ouvi algo parecido com minha filha dizendo ‘por que estão fazendo isso com ela?’”.
Algo que tocou o ex-jogador foi a fragilidade humana: “Morrer é muito fácil. Nada acontece, é apenas estar lá. Você morre e adeus. Tive sorte de voltar, mas se tivesse morrido, pelo menos não teria sofrido.”
Avaliação dos médicos
Mesmo em coma, Olivera sentiu o apoio da família. O ex-jogador disse que a esposa e as filhas nunca o abandonaram, assim como os médicos, que consideraram a morte certa.
Conversamos sobre isso (sofrimento familiar em caso de morte) com minha esposa, rindo de alegria, porque voltei. Esses 34 dias foram fatais para eles. Eles não podiam ficar lá à noite. Os médicos me avisaram que minha morte era iminente e, bom, consegui ficar aqui
Walter Olivera, antigo defesa do Atlético
Você acredita em Deus?
Olivera relatou que não acreditava em Deus. Ele detalhou que algo o ajudou. “Não vou dizer que agora vou sair para orar ou algo assim, mas algo me ajudou a estar aqui. Não sei se foi a força da família, das pessoas ou de alguém superior que me deixou aqui e não me levou para cima ou para baixo”, brincou o ex-atleta.
Após o drama, Olivera disse que estava facilitando a vida: “Saindo dessa situação, estou vivendo muito melhor do que antes. Muito melhor. Porque as pessoas me param na rua, conversam comigo, minha família está sempre perto de mim de tanto se preocupar comigo. Isso me deixa feliz.”
Walter Olivera no Atlético
Olivera jogou pelo Atlético entre 1983 e 1985. Foram 72 jogos com a camisa alvinegra e oito gols marcados – número que o coloca entre os 10 estrangeiros com mais gols pelo clube. O artilheiro é o argentino Lucas Pratto, com 42 gols em 107 partidas.
O uruguaio ajudou o time a conquistar dois Campeonatos Mineiros. Na edição de 1985 atuou como zagueiro e técnico. No comando da equipe, foram apenas 20 jogos naquele ano.
Antes de ser contratado pelo Atlético, Olivera se tornou ídolo do Peñarol, com sete títulos do Campeonato Uruguaio, uma Copa Libertadores e um Mundial de Clubes entre 1972 e 1983. É o atual diretor de relações institucionais do clube.
Os dois clubes de Olivera na carreira se enfrentaram nesta terça-feira, na Arena MRV, pela terceira rodada do Grupo G da Copa Libertadores. O Galo saiu vitorioso: venceu por 3 a 2 e se classificou para as oitavas de final da competição continental.
A notícia Ex-zagueiro do Atlético dá forte relato sobre coma: ‘Avisaram que minha morte era iminente’ foi publicada primeiro no No Attack by No Attack.
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