Dream Team dos EUA derruba valentia da França e conquista o ouro olímpico

André Fontenelle – Nem mesmo o jovem gigante Victor Wembanyama (20 anos, 2,24 metros oficiais) conseguiu quebrar a hegemonia dos EUA no torneio olímpico masculino de basquete. No aguardado duelo entre o veterano LeBron James e o francês, os norte-americanos venceram (98 a 87).

Foi o quinto triunfo olímpico consecutivo dos EUA e o 17º em 21 torneios. Os franceses perderam pela quarta vez a decisão para o mesmo rival. As anteriores foram em Londres-1948, Sydney-2000 e na última edição, Tóquio-2020, disputada em 2021 devido à pandemia de Covid-19.

Uma enterrada de LeBron James e uma cesta de três pontos de “Wemby” foram os primeiros pontos do jogo. “Vamos, Azuis, a torcida está aqui!” gritou a multidão que lotou a Arena Bercy.

Wembanyama, que apesar do porte é um jogador ágil e completo, foi o artilheiro da partida, com 26 pontos. Mas seu talento ainda está sendo lapidado e ele não se saiu bem nos arremessos de três pontos (só acertou três de oito).

James, de 39 anos, em sua quarta Olimpíada, conquistou sua terceira medalha de ouro, depois de Pequim-2008 e Londres-2012. Em Atenas 2004, sua primeira participação com apenas 19 anos, os EUA perderam a semifinal para a Argentina e ficaram com o bronze.

A divisão de pontos entre os americanos, por sua vez, mostra a qualidade do time: Stephen Curry (24), Kevin Durant (15), Devin Booker (15), James (14), Anthony Davis (8), Anthony Edwards ( 8). Todos os pontos de Curry foram na linha de três pontos, 8 de 12 tentativas.

Os americanos lideraram o primeiro quarto por 20 a 15 e abriram sete pontos no segundo, mas os franceses responderam com duas cestas de três pontos e recuperaram a liderança com 25 a 24.

Porém, sempre que a França equilibrava a partida, a seleção americana recorria ao que no jargão da NBA é conhecido como a “profundidade” do elenco à disposição do técnico Steve Kerr: três pontos não só do especialista Curry, dos Golden State Warriors, mas de Booker e Durant, companheiros do Phoenix Suns, ou de Edwards, do Minnesota Timberwolves.

O uso americano da linha de três pontos foi de 45% no primeiro tempo, em comparação com apenas 19% dos franceses.

No primeiro tempo, o destaque francês não foi Wembanyama, mas sim o ala Guerschon Yabusele, ex-jogador do Boston Celtics, hoje no Real Madrid, da Espanha. “MVP! MVP!” (sigla que, nos EUA, designa o jogador mais valioso de uma competição, o “jogador mais valioso”). Yabusele foi o artilheiro do primeiro tempo, com 15 pontos.

A dinâmica do jogo manteve-se semelhante na segunda parte: a França aproximou-se do marcador e os EUA recuperaram rapidamente a liderança. O veterano ala Evan Fournier, 31, antes discreto, começou a aparecer. Fournier, que joga na NBA há doze anos, marcou oito pontos no terceiro quarto, que terminou com os EUA seis pontos à frente (72 a 66).

Faltando cinco minutos, os gritos de “EUA! EUA!” Mas os franceses reagiram e reduziram a diferença para apenas três pontos (82 a 79), com contribuições de Yabusele e Wembanyama.

Mas três cestas de três pontos de Curry mantiveram os franceses afastados.

Mesmo incentivando o próprio time, os franceses aplaudiram as boas jogadas dos americanos. Com uma exceção: Joel Embiid. Nascido em Camarões, mas com cidadania francesa, foi convidado a defender a França nos Jogos, mas optou pelos EUA.

A atmosfera na Arena Bercy era como a de um jogo da NBA, mas com sotaque francês. “Defesa! Defesa!” gritaram os torcedores locais, no estilo dos torcedores americanos. No intervalo entre os trimestres, a coreografia das torcedoras fazia alusão ao can-can.

Nos intervalos da decisão, o locutor da Arena Bercy anunciou os nomes das celebridades presentes. Entre eles, o apresentador de TV americano Jimmy Fallon; o ator francês Omar Sy; os ex-jogadores de basquete Carmelo Anthony, Dirk Nowitzki, Pau Gasol e Scottie Pippen; os ex-jogadores de futebol Megan Rapinoe e Thierry Henry; e os multicampeões olímpicos franceses Teddy Riner (judô) e Léon Marchand (natação).

Na decisão da medalha de bronze, disputada pela manhã, a Sérvia derrotou a campeã mundial Alemanha por 93 a 83. O Brasil terminou na sétima colocação, eliminado pelos EUA nas quartas de final.