Denúncia de nadadora sobre assédio foi arquivada pelo COB por falta de provas

Denúncia de nadadora sobre assédio foi arquivada pelo COB por falta de provas


Denúncia da nadadora sobre assédio foi arquivada pelo COB por falta de provas (nadadora Ana Carolina Vieira manda mensagem aos seguidores no Instagram após ser afastada da delegação olímpica do Brasil)

MÔNICA BÉRGAMO – A denúncia de assédio feita pela nadadora Ana Carolina Vieira contra um dirigente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) foi registrada em 2021 e arquivada por falta de provas.

O atleta fez a denúncia há três anos ao cumprimento do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). Esta semana após ser expulso da delegação brasileira de natação por indisciplina Ana Carolina Vieira revelou a informação em suas redes sociais.

Ela disse que foi orientada a entrar em contato com o COB para discutir sua demissão. “Mas como vou falar com o COB, visto que já fiz denúncia de assédio dentro da equipe e nada foi resolvido?”, afirmou.

Diante da declaração do atleta, o COB decidiu abrir uma investigação interna para apurar o ocorrido.

A conclusão foi que a denúncia foi sim feita, mas não avançou porque a própria nadadora não apresentou provas, nem prestou novos depoimentos que corroborassem suas afirmações.

Não há, portanto, nenhum processo pendente contra os membros da natação no cumprimento do COB.

Em nota oficial divulgada nesta terça-feira (30), o comitê afirma que “quaisquer fatos que tenham sido objeto de denúncia do atleta por meio dos canais de atendimento e apoio do COB não têm relação com o ocorrido nos Jogos Olímpicos de Paris. Portanto, não serão objeto de comentários do Comitê Olímpico Brasileiro, principalmente porque tais denúncias são confidenciais e dependem de investigação da área de compliance, que atua com total autonomia em relação ao executivo do COB”.

Diz ainda que “é possível informar, no entanto, que não há reclamações pendentes relativas a atletas ou membros do corpo técnico de natação vinculados à CBDA”.

Ana Carolina teve sua expulsão anunciada pelo COB no domingo (28). Segundo a organização, a atleta saiu da Vila Olímpica sem autorização com o namorado na noite desta sexta-feira (26). Enquanto ela era expulsa, ele sofreu uma advertência.

A decisão mais dura contra a nadadora veio após uma dura discussão entre ela e a comissão técnica. O motivo da briga foi a decisão de retirar a nadadora Maria Fernanda Costa, conhecida como Mafê, da equipe que disputaria os 4 x 200 m livre, em que há revezamento de atletas.

A comissão determinou que Mafê se dedicasse às competições individuais, onde a chance de medalha seria maior. Segundo profissionais que acompanham a rotina na Vila Olímpica ouvidos pela Folha, Ana Carolina ficou indignada com a decisão e houve uma discussão feia, “com gritos e dedos na cara”.

“A atleta Ana Carolina, de forma desrespeitosa e agressiva, contestou uma decisão técnica tomada pela comissão da seleção brasileira de natação”, diz o comunicado divulgado pelo COB. Ela retornará ao Brasil imediatamente.

Ana Carolina teria ficado descontente com a perda do colega mais competitivo da equipe no revezamento e se rebelou.
Segundo Gustavo Otsuka, chefe da Seleção Brasileira de Natação, a nadadora adotou uma postura agressiva “e totalmente inadequada” ao discutir mudanças de posição no revezamento e que teria ficado consternada durante a conversa.

Segundo o dirigente, a cada missão da delegação brasileira é apresentado um código disciplinar e de conduta aos atletas, que se comprometem a segui-lo à risca. “O atleta em questão não cumpriu e tivemos que tomar as medidas cabíveis. São factos ocorridos que violam o código de conduta”, afirmou Otsuka em conferência de imprensa.

Disse ainda que a CBDA procura ser o mais aberta possível às questões dos atletas, mas que a “forma de questionar é que não achamos uma boa ideia”. Segundo o dirigente, a decisão foi tomada por unanimidade da comissão técnica.

“A pessoa deve sempre se comportar com respeito, educação e essas coisas não aconteciam”, afirmou o dirigente. “Não viemos passear, de férias, brincar, viemos trabalhar pelo Brasil”, acrescentou o cartola.

Ao ser informada da demissão, Ana Carolina acatou a decisão sem maiores questionamentos, segundo o chefe da equipe de natação. Ela voltou ao Brasil imediatamente.

Como mostrou a Folha, esta não foi a primeira polêmica em torno do nome da nadadora Ana Carolina Vieira. Ela já havia lutado com outra atleta, Jhennifer Alves.

Os dois são do Esporte Clube Pinheiros e disputaram o Troféu Brasileiro de Natação, em 2023, em Recife. Jhennifer conquistou a medalha de ouro, e Ana Carolina, o bronze.

Eles se envolveram em uma discussão quando receberam as medalhas. Após provocações mútuas, houve agressões físicas entre os dois. O caso foi parar na delegacia e depois no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

Leia a nota completa abaixo:

“Durante a saída da nadadora Ana Carolina Vieira da comitiva, a atuação do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) foi pautada, como sempre, pelo respeito, atenção e cuidado com a atleta devido ao momento delicado pelo qual ela passava.

Durante todo o processo, Ana Carolina Vieira foi acompanhada pela Oficial de Salvaguarda e líder do Esporte Seguro da Missão Brasileira em Paris, que prestou seu apoio. A atleta conversou com a mãe, com a psicóloga da delegação, fez as malas e teve acesso irrestrito à alimentação e hidratação antes de seguir para o aeroporto.

Eventuais fatos relatados pelo atleta por meio dos canais de atendimento e apoio do COB não têm ligação com o ocorrido nos Jogos Olímpicos de Paris. Portanto, não serão objeto de comentários do Comitê Olímpico Brasileiro, principalmente porque tais denúncias são confidenciais e dependem de investigação da área de Compliance, que atua com total autonomia em relação ao executivo do COB.

É possível informar, porém, que não há reclamações pendentes referentes a atletas ou membros da equipe técnica de natação vinculada à CBDA.

A COB reitera que o respeito entre todas as pessoas que atuam em suas Missões é um valor fundamental que norteia nossas ações. Além disso, o COB acredita que o acolhimento e o cuidado de todas as pessoas que compõem a Missão, independentemente dos atos praticados e das sanções aplicadas, devem ser sempre garantidos.”

A notícia A denúncia do nadador sobre assédio foi arquivada pelo COB por falta de provas foi publicada pela primeira vez no No Attack da Folhapress.



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