A geração nascida entre 1991 e 1993 trouxe resultados significativos para as categorias de base do América. Em 2011, o time chegou às semifinais da Copa São Paulo de Futebol Júnior, em janeiro, e conquistou o Campeonato Brasileiro Sub-20, em dezembro. O capitão daquele time era promissor, mas encerrou a carreira aos 26 anos, em 2018. Hoje, Fernanda Lisboa Lopeso Chinadedica-se a três restaurantes em Belo Horizonte e Lagoa Santa e começa a trabalhar como agente de jogadores.
Em entrevista com No ataqueA China revisitou o passado no futebol. A começar pela origem do apelido, dado por um treinador de uma pequena escola da América. “Foi quando comecei na base. Fui treinar motociclismo com meu pai, sempre com a viseira aberta. Um dia o treinador me viu com os olhos baixos, eu tinha cabelos pretos. Ele disse ‘ah, você parece uma pessoa chinesa’. A partir daí, ficou.”
Assim que o América criou um time próprio correspondente à idade da China, apareceu o menino, que atuava como meio-campista, mas tinha versatilidade para atuar como ponta e zagueiro.
Entre os colegas de Fernando, destaque para o goleiro Matheus, que joga há dez anos no Sporting Braga, em Portugal; o lateral-direito Danilo Luiz, da Juventus (Itália) e da Seleção Brasileira; e os laterais-esquerdos Bryan, ex-Cruzeiro, e Danilo Barcelos, ex-Atlético, Fluminense, Vasco e Botafogo.
“Continuamos todos grandes amigos, padrinhos de casamento uns dos outros, padrinhos dos filhos uns dos outros, por isso temos uma relação muito boa”, diz China, que não se sente frustrado por não ter prolongado a sua vida no futebol da mesma forma. da mesma forma que ex-companheiros.
“Acho que todo jogador de futebol tem uma história, certo? Cada jogador tem um caminho a seguir e eu acho que é o meu, gosto muito de dizer isso. porque esse ‘ah, me machuquei e não deu certo’, isso é muita frustração dos jogadores, sabe? Aquele jogador que acha que poderia ir mais longe, mas não foi por lesão, não acredito. Minha lesão me atrapalhou muito, mas acho que, na verdade, meu destino estava traçado.”
China, ex-jogador do América
O surgimento na América
A oportunidade da China na seleção principal do América começou a ser desenhada na Copinha de 2011. Coelhinho caiu no Grupo R, ao lado de Bahia, Taboão da Serra e Noroeste, e se classificou com 100% de aproveitamento (9 pontos). Nas oitavas de final, eliminou Juventus-SP, Fluminense e Internacional. Na semifinal, enfrentou novamente o Bahia, que havia derrotado na fase de grupos. Desta vez, acabaram derrotados por 2 a 1.
Capitã do Sub-20, a China disputou sete partidas na Copa São Paulo e marcou três gols. Nas quartas de final, contra o Internacional, acertou um belo chute de primeira, de fora da área, no canto superior esquerdo. (assista abaixo).
Com o bom desempenho na base, ganhou a chance de treinar entre os profissionais ao lado de jogadores como o lateral-direito Marcos Rocha, o meio-campista Rodriguinho e os atacantes Alessandro e Fábio Júnior. O ex-meio-campista afirmou que o início foi difícil pelas poucas chances sob o comando do técnico Mauro Fernandes.
“Na época, quando nos profissionalizamos, o treinador era Mauro Fernandes, que tinha um ótimo relacionamento com os jogadores em quem confiava. Nesse primeiro momento nos profissionalizamos, tivemos algumas dificuldades até de relacionamento e inserção nos jogos, mas a imprensa pediu a seleção dos atletas da base. Lembro que fizemos um amistoso contra o Botafogo em Juiz de Fora. Mauro Fernandes colocou em campo os quatro atletas que se profissionalizaram e estivemos muito bem no jogo. No início do Campeonato Brasileiro, ele foi demitido.”
Segundo a China, quem de fato olhou a base foi Antônio Lopes, sucessor de Mauro Fernandes. “Ele era o paizão desses jogadores de base. Ele pegou jogadores renomados e nos colocou da base. Fizemos grandes jogos”, disse o ex-meio-campista, que foi titular de três partidas pelo “Delegado” no Campeonato Brasileiro de 2011 – empates com Figueirense (0 a 0, na 11ª rodada) e Grêmio (1 a 1, na 12ª rodada) e na derrota para o Coritiba (3 a 1, na 13ª rodada).
Sem vencer há quatro jogos, Lopes não durou no América, sendo substituído por Givanildo Oliveira. A China ficou um período afastada da seleção devido a uma lesão no joelho e, posteriormente, por opção do treinador. A volta só ocorreu na 29ª rodada, em que o Coelho goleou o Ceará por 4 a 1. A partir daí, o jovem voltou a se envolver nas partidas, entrando em campo nas três últimas rodadas. O América caiu para a Série B após somar 37 pontos, na 19ª colocação.
Propostas
Por jogar bem na Copinha e no Brasileirão Sub-20, a China recebeu uma oferta do Santos e outra do Braga, de Portugal – o que pode ser porta de entrada para grandes clubes da Europa. O atleta se interessou pela oferta internacional, mas o América não quis vendê-lo. O ponto positivo foi o reajuste salarial recebido no Coelho, passando de R$ 700 para mais de R$ 10 mil.
“Na época que assinei com um grupo de empresários paulistas, eles me levaram para o CT do Santos. Tudo foi acertado com os empresários e o clube. E meu contrato com a América estava terminando. Quando cheguei no CT me encontrei com o Salum, ele bateu na mesa e disse ‘Então você ouviu muita mentira lá em São Paulo? (risada)”.
“Antes desta renovação, é importante lembrar que tive um pré-contrato enviado com o Braga, de Portugal, com o qual me identifiquei mais. Tudo passou, mas infelizmente o América não achou interessante naquele momento. Mas aí foi legal, porque foi uma renovação que, na época, foi considerada difícil de acontecer. Recebemos quase 15 vezes o salário.”
China, ex-jogador do América
Com a conta bancária mais cheia, Fernando ajudou a concluir as obras da casa dos pais, além de comprar móveis novos. Com isso, ao comprar o próprio carro, optou por um modelo mais econômico, ao invés de ostentar um veículo de luxo. “Meu pai levou 18 anos para construir apenas o esqueleto daquela casa. Eu falei ‘a partir de hoje você já conseguiu até aqui, de agora em diante eu consigo terminar, eu insisto’”.
“Quando terminamos a casa dos meus pais, a esposa do meu irmão estava grávida do primeiro filho. Eu não queria que alugássemos a casa de cima para algum inquilino aleatório e não gostaria que meu irmão alugasse, então gostaria que meu irmão morasse no andar de cima, com sua esposa, com seu filho. Meus pais ficaram muito emocionados naquele dia, meu irmão também. Eles ainda moram lá hoje.”
Lesões e aposentadoria
Em três anos e meio no time titular do América, a China disputou 27 partidas. O tempo em campo poderia ter sido maior se não fosse a grave lesão sofrida em agosto de 2013, quando o meio-campista começava a ganhar força sob o comando do então técnico Paulo Comelli.
Ele havia sido titular na vitória do Coelho sobre o Avaí (2 a 1), no dia 11 de junho, e era cotado para começar a jogar contra a Chapecoense, após um mês de folga pela Copa das Confederações, no dia 19 de julho. devido ao mau tempo que impediu o avião de pousar em Chapecó (SC).
No mês seguinte, China rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho direito durante um treinamento em Lanna Drumond e perdeu o restante da temporada. Quando se recuperou, em 2014, não fazia mais parte dos planos do clube, do qual saiu em agosto.
Mais tarde, a China jogou pelo Democrata de Sete Lagoas, Cultural Leonesa (Espanha), Mamoré, Villa Nova, Tricordiano e Louletano (Portugal). Aos 26 anos, em 2018, decidiu que era hora de parar.
“Muitas pessoas atribuem o fracasso no futebol às lesões. Não acredito nisso, porque mesmo depois de seis, sete meses de trabalho intenso com toda a fisioterapia e o pessoal do América, eu estava fisicamente melhor do que estava seis ou sete meses antes. Logo depois, tive minha segunda lesão no ligamento cruzado anterior no mesmo joelho. Foi uma fatalidade. Como qualquer outra profissão, tem seus lados bons e ruins. Mas quem realmente consegue ter uma carreira promissora são menos de 5% dos atletas profissionais no Brasil. Ter participado desse seleto grupo é uma gratidão muito intensa. Até hoje sou lembrado pelos fãs.”
Fernando Lisboa, conhecido como China, ex-meio-campista do América
O negócio
Desde 2020, Fernando Lisboa administra o restaurante Casarão, no bairro Boa Vista, Zona Leste de Belo Horizonte. O negócio deu tão certo que ele abriu uma segunda unidade, em Lagoa Santa, na Grande BH, e desenvolveu uma franquia no bairro Renascença, na capital mineira.
Casado com Ana Luiza Lisboa e pai de dois filhos, Noah e Theo, o ex-jogador se sente realizado em todos os aspectos. “O futebol me levou a um certo ponto, mas o Casarão me levou daquele ponto onde o futebol me deixou para um ponto além. Se eu ainda estivesse no futebol hoje, tenho quase certeza de que não teria alcançado as conquistas que consegui até hoje no Casarão.”
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