Gaza e Cisjordânia tiveram milhares de crianças sem atenção médica em 2023

A Agência de Assistência e Obras das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos, Unrwa, revelou que mais de 3.000 autorizações para crianças palestinianas deixarem a Faixa de Gaza e a Cisjordânia para tratamento médico foram rejeitadas ou adiadas em 2023.

Numa publicação publicada esta sexta-feira, a organização humanitária destaca que desde o início da guerra, as autoridades israelitas reduziram ainda mais o acesso humanitário e “cada vez mais, as crianças estão a pagar o preço mais elevado pelo conflito”.

Operações humanitárias

À medida que os ataques continuam na Faixa de Gaza, o Escritório das Nações Unidas para Assistência Humanitária, Ocha, disse que as populações nas áreas que mais sofrem com as operações militares não serão abandonadas.

Fazendo eco às vozes dos parceiros locais, o gabinete destacou declarações feitas pelo líder da equipa de uma ONG palestiniana. Bahaa Zaqout disse que o esforço de socorro “não será abandonado e continuará até o fim da guerra, apesar dos ferimentos e do sacrifício de pessoal”.

Numa nota separada, peritos em direitos humanos* da ONU condenaram veementemente a acção das forças israelitas em Gaza durante uma operação de resgate de reféns no Campo de Refugiados de Nuseirat.

O comunicado publicado esta sexta-feira em Genebra lamenta a morte de pelo menos 274 palestinos durante o ato e os ferimentos de quase 700 pessoas. Entre as vítimas fatais estavam 64 crianças e 57 mulheres.

Entrada para o acampamento

O grupo de especialistas destaca detalhes do acontecimento de 8 de junho, sublinhando que as forças israelitas foram apoiadas por “estrangeiros à entrada do campo num camião disfarçados de deslocados e trabalhadores humanitários”.

Os especialistas também destacaram a violenta invasão da área, com ações dirigidas aos moradores e intensa atividade militar terrestre e aérea.

Relatos de sobreviventes indicam que as ruas de Nuseirat estavam repletas de mortos e feridos, incluindo crianças e mulheres, jazendo em poças de sangue. Várias marcas na parede tinham órgãos e partes de corpos espalhados após múltiplas explosões e casas bombardeadas.

A operação militar e o ataque de Israel a Gaza são registados como “o mais longo, o maior e o mais sangrento desde 1948”

Operações PMA

Especialistas alertaram que o tipo de ação limita e coloca em risco a ação humanitária, os trabalhadores e a entrega de ajuda. Um exemplo é o corte das operações pelo Programa Alimentar Mundial devido a “preocupações de segurança” na doca flutuante.

Para os especialistas, a adoção da Resolução 2.735 do Conselho de Segurança da ONU esta semana é uma “saída do horror”. Eles pedem um embargo de armas contra Israel para acabar com a violência contra os palestinos.

Outra expectativa é que a decisão do Conselho “abra o caminho para uma paz duradoura para o povo palestiniano e para a liberdade dos reféns” mantidos por grupos armados locais e para os milhares de palestinianos detidos arbitrariamente por Israel.