O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, expressou profunda preocupação com a escalada de violência no noroeste da Síria e com o impacto humanitário na região.
Numa declaração publicada pelo porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, na segunda-feira, ele apelou a um cessar-fogo imediato e lembrou a todas as partes envolvidas as suas obrigações ao abrigo do direito internacional, incluindo o direito humanitário.
Ataque de Aleppo
Nos últimos dias, a ofensiva liderada por Hay’at Tahrir al-Sham, um grupo alvo de sanções do Conselho de Segurança, juntamente com outros grupos armados da oposição, mudou as linhas da frente que permaneciam estáticas desde 2020.
Segundo agências de notícias, as forças da oposição assumiram o controlo de grande parte da segunda maior cidade do país, Aleppo. Os combates também se espalharam por partes das províncias de Idlib e Hama.
Os relatórios indicam mortes de civis, deslocação de dezenas de milhares de pessoas, danos em infra-estruturas civis e perturbação de serviços essenciais e de assistência humanitária.
O Secretário-Geral enfatizou que o povo sírio enfrenta este conflito há quase 14 anos e merece um horizonte político que traga um futuro pacífico e não mais derramamento de sangue. Apelou a um regresso imediato ao processo político facilitado pela ONU, em conformidade com a resolução 2254 do Conselho de Segurança de 2015.
Impacto Humanitário
Dujarric explicou que a escalada do conflito interrompeu as operações humanitárias nas áreas de Aleppo, Idlib e Hama, onde as preocupações de segurança impedem que os trabalhadores humanitários tenham acesso a armazéns e outras instalações de ajuda.
Esta situação está a dificultar a prestação de assistência vital, como alimentos, água e medicamentos, a milhares de pessoas necessitadas.
As actividades humanitárias prosseguem em zonas não directamente afectadas pelos combates. Segundo o porta-voz da ONU, pelo menos 15 ONG estão a trabalhar em centros de acolhimento, distribuindo alimentos, água, combustível, tendas, cobertores e kits de higiene, além de realizarem trabalhos na área da saúde e gestão de resíduos.
No entanto, o porta-voz da ONU afirmou que “as necessidades continuam críticas”. No oeste de Aleppo, uma estação de água está inoperante devido à falta de acesso das equipes de manutenção.
Crise agravada pelo inverno
Em todo o Noroeste, pelo menos 13 escolas foram danificadas e 24 centros de saúde suspenderam as operações. Além disso, o principal hospital de Idlib foi gravemente afetado, deixando centenas de pacientes sem cuidados.
A crise humanitária na Síria já é uma das maiores do mundo, com 16,7 milhões de pessoas necessitando de assistência e mais de 7 milhões de deslocados internos. Nas últimas semanas, mais de meio milhão de pessoas fugiram do Líbano para a Síria, intensificando ainda mais a pressão sobre os recursos limitados.
As condições iminentes do inverno aumentarão as necessidades nas próximas semanas, colocando milhares de pessoas numa situação extremamente vulnerável.
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