Paquistão fecha acordo de cessar-fogo de sete dias entre grupos sectários em guerra

PESHAWAR, Paquistão – Uma equipe do governo paquistanês mediou um acordo de cessar-fogo de sete dias entre grupos sectários rivais no domingo, interrompendo dias de confrontos que mataram pelo menos 68 pessoas e feriram dezenas no noroeste do país, disse um dos mediadores.

A violência começou quando homens armados atacaram comboios de veículos civis na quinta-feira, matando pelo menos 40 pessoas, a maioria muçulmanos xiitas. Isso provocou ataques de retaliação contra residentes muçulmanos sunitas e houve batalhas campais entre grupos armados de ambos os lados.

Há décadas que muçulmanos xiitas e sunitas armados se envolvem em rivalidades tribais e sectárias devido a uma disputa de terras no distrito de Kurram, perto da fronteira com o Afeganistão.

“Ambos os lados concordaram com um cessar-fogo de uma semana, que deverá ser prorrogado”, disse Muhammad Ali Saif, membro da equipe de mediação, à Reuters por telefone, acrescentando que os grandes confrontos já haviam cessado.

Saif, que também é ministro da Informação da província de Khyber Pakhtunkhwa, onde Kurram está localizado, disse que ambos os lados também concordaram em trocar prisioneiros, incluindo mulheres, e os corpos dos mortos nos confrontos.

Os prisioneiros e os corpos serão trocados com a ajuda das forças paramilitares paquistanesas.

A equipe voou para Parachinar, a principal cidade de Kurram, no sábado e se encontrou com líderes tribais xiitas e sunitas, com todo o distrito sob toque de recolher virtual e grupos armados perambulando pelas ruas de muitas aldeias.

Saif disse que a notícia do cessar-fogo também deveria interromper conflitos menores que foram relatados em áreas remotas do distrito.

Outro membro da equipe de mediação, Akhtar Hayat Gandapur, chefe de polícia de Khyber Pakhtunkhwa, disse que os líderes xiitas exigiam a prisão imediata dos envolvidos no ataque a veículos de passageiros, bem como compensação para as vítimas e garantias de segurança para os viajantes.

O governo ainda não identificou ou nomeou publicamente quem foram os agressores e ninguém assumiu a responsabilidade.

Duas fontes governamentais, que pediram anonimato devido à sensibilidade do assunto, disseram que o número de mortos devido à violência retaliatória desde os ataques aos autocarros de quinta-feira subiu para pelo menos 28, elevando o número total para 68.

Grupos armados invadiram assentamentos habitados por membros de seitas rivais. Muitas casas foram evacuadas, enquanto mercados e escolas permanecem fechados e vários postos de gasolina foram incendiados, disseram as autoridades.

Eles disseram temer que o número de mortos possa aumentar à medida que as comunicações na área diminuem, dificultando a obtenção de informações.