Na briga pelo acesso à Série B do Campeonato Brasileiro, Ceará e Sport podem aproximar o Nordeste de um recorde na elite do futebol nacional. A região poderá ter cinco representantes na Primeira Divisão em 2025, número nunca antes alcançado na era dos pontos corridos, iniciada em 2003.
Nesse cenário hipotético, os clubes nordestinos representariam 25% dos 20 participantes da Série A. A última vez que a região registrou percentual semelhante foi na década de 1980, há quase 40 anos, quando os critérios de classificação para o Campeonato Brasileiro eram bem diferentes . . Veja o gráfico abaixo, elaborado a partir de um levantamento da No ataque.
Mas é necessária uma combinação de resultados para que isso aconteça. Antes de mais nada, Ceará e Sport devem confirmar o acesso à Série B.
Na quarta colocação, com 63 pontos, o time cearense depende apenas de si na última rodada. Caso vença o já rebaixado Guarani fora de casa, garantirá o acesso sem torcer para o rival tropeçar.
O Sport é o quinto, com os mesmos 63 pontos – está atrás no número de vitórias (18 a 19). Para subir, o time pernambucano precisa vencer o Santos em casa e torcer por um tropeço (empate ou derrota) do Mirassol (segundo, com 64 pontos), do Novorizontino (terceiro, com 64) ou do próprio Ceará.
Em caso de empate com o campeão Santos, o Sport ainda pode subir. Mas para isso dependeria de uma derrota de pelo menos um dos três adversários.
Trio de elite
Caso subam, os dois poderão se juntar ao trio nordestino que já está na Primeira Divisão. O Fortaleza, terceiro colocado da Série A, não cai mais, está na briga pelo título e já garantiu a vaga na Copa Libertadores do ano que vem.
O Bahia está na oitava colocação e, faltando cinco rodadas, também não corre mais risco de rebaixamento. A briga do time tricolor é por uma vaga na Libertadores.
O arquirrival Vitória ainda precisa garantir uma vaga na próxima edição da Série A. O time rubro-negro está em 13º, com 38 pontos – apenas um a mais que o 17º Juventude, que abre o Z4. O risco de rebaixamento é de 21,5%, segundo cálculos do departamento de matemática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Marco em pontos corridos
O recorde do Nordeste em pontos corridos foi registrado entre 2018 e 2021. Em cada uma dessas edições, quatro clubes da região disputaram a Série A.
- 2018 – Bahia, Ceará, Sport e Vitória
- 2019 – Bahia, Ceará, Fortaleza e CSA
- 2020 – Bahia, Ceará, Fortaleza e Esporte
- 2021 – Bahia, Ceará, Fortaleza e Esporte
Lugar na história
Historicamente, a marca também pode ser bastante representativa. Cinco seriam o maior número de clubes nordestinos na Série A desde 1993.
Naquele ano, eram sete da região: Bahia, Ceará, Fortaleza, Náutico, Santa Cruz, Sport e Vitória. Esse número representou 21,8% dos 32 participantes do Brasileirão. Em 2025, o percentual poderá chegar a 25%.
A última vez que os nordestinos representaram um quarto ou mais do total de clubes da elite foi na década de 1980.
Na época, os critérios de classificação para a Primeira Divisão eram muito diferentes e mudavam constantemente graças à influência das federações, à política da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e à “mão” da ditadura militar.
O regime exigiu a nacionalização do campeonato para angariar o apoio dos líderes locais e da população. Esse movimento muitas vezes inflou a competição, que chegou a quase 100 participantes em 1979.
No período, o percentual de clubes nordestinos também aumentou. Afinal, é a região com mais estados do país. São nove (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), e cada um deles enviou um representante.
Não à toa, o ano com maior número de times do Nordeste foi justamente 1979. Na época, 30 clubes da região disputavam o Campeonato Brasileiro – 31,9% dos 94 participantes.
Este, porém, não foi o maior percentual alcançado pelo Nordeste. Essa marca é da Copa do Brasil de 1962, quando os nove estados enviaram representante: ABC (Rio Grande do Norte), Bahia (Bahia), Campinense (Paraíba), Ceará (Ceará), River-PI (Piauí), Sampaio Corrêa ( Maranhão), Sergipe (Sergipe) e Esporte (Pernambuco).
Naquele torneio, o Nordeste representou nada menos que 50% das equipes participantes. Foram 18 no total, com representantes de outros estados: Guanabara (município do Rio de Janeiro, com Botafogo), Rio de Janeiro (Rio Branco-RJ), Paraná (Comercial-PR), Minas Gerais (Cruzeiro), Rio Grande do Sul (Internacional), Santa Catarina (Metropol-SC), Pará (Paysandu), Espírito Santo (Santo Antônio-ES) e São Paulo (Santos).
O mais frequente
No Nordeste, os clubes e as nove unidades federativas têm participações bastante variadas na elite do futebol nacional. Pernambuco e Bahia, potências econômicas, políticas e administrativas históricas da região, dominam o ranking – como mostra o mapa acima.
Os clubes pernambucanos têm, até 2024, 104 participações na Série A. Os destaques são Sport (43), Náutico (34) e Santa Cruz (23).
O clube que mais disputou a elite foi o Bahia, com 51. Esse número, somado às 40 participações do rival Vitória, impulsiona o estadual – já representado por times menores, como Fluminense de Feira-BA (quatro), Leônico-BA (três), Galícia-BA (dois), Itabuna-BA (dois) e Catuense-BA (um).
A força de Ceará e Fortaleza (26 participações cada) impulsiona o estado do Ceará, que aparece em terceiro lugar na lista, com 60 no total. Por outro lado, o Piauí (24) aparece na nona e última posição.
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