Aos 32 anos, Adrián “Maravilla” Martínez foi um dos responsáveis por levar o Racing à final da Copa Sul-Americana, que será disputada contra o Cruzeiro, no dia 23 de novembro. Artilheiro da competição ao lado do atacante corintiano Yuri Alberto, com nove gols, o argentino teve uma trajetória peculiar no futebol e chegou a passar seis meses preso.
O artilheiro da equipe de Avellaneda só se profissionalizou aos 23 anos – antes disso, teve uma curta passagem pelas categorias de base do Villa Dálmine, da Terceira Divisão da Argentina. No futebol amador, jogou pelo Las Acacias, que era presidido por sua mãe.
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Nesse ínterim, Martínez trabalhou em outras coisas. Primeiro, ele era catador de lixo, mas um acidente de moto o impossibilitou de continuar na área. Depois, trabalhou como pedreiro ao lado de um de seus tios.
O principal golpe na vida do atacante, porém, ocorreu aos 21 anos. Em 2014, seu irmão foi parar no hospital após levar três tiros. Enquanto o familiar lutava pela vida, um grupo de pessoas foi até a casa do autor dos disparos e ateou fogo no local.
O atual jogador do Racing foi então denunciado por entrada na casa com arma de fogo, por roubo e também pelo incêndio. Condenado, ele teve que passar seis meses preso na cidade de Campana, na Região Metropolitana de Buenos Aires, como principal acusado do crime. Mais tarde, a polícia descobriu o verdadeiro criminoso e Martínez foi libertado.
Vida na prisão
Em entrevista ao jornal Oláda Argentina, ele explicou a estrutura da rede. “Era como se fosse um banheirozinho, dois a dois, onde você levanta, dorme, faz tudo ali. Você não pode sair daquela pequena praça. Um pouco de luz entrava por uma pequena janela gradeada. Ele não saía de lá, só quando tinha visitas às sextas-feiras. Fiquei preso lá até que me transferiram para um lugar maior”, disse ele.
Em outra parte do presídio, Maravilla Martínez tinha mais espaço, mas os perigos eram maiores. “Às 7h, as fechaduras foram abertas. Você tinha que acordar porque se você ficasse dormindo eles te roubavam”, disse o jogador, que tinha medo de ser morto na prisão.
“Eu estava com medo pela minha vida. Passei por duas ou três situações muito difíceis… Estava prestes a ser esfaqueado (por problema telefônico), não aconteceu muito perto.”
O agressor até viu assassinatos. “Eu vi como as pessoas foram mortas, porque lá eles te matam como se você não fosse nada… Eu vi um morrer: te agarraram pelas pernas e te levaram embora. É assim. Eles mesmos dizem: ‘Se eu te matar, vou pegar mais dois anos’. Dizem isso porque poderia ser considerado legítima defesa.”
Na prisão, afirmou que não recebia alimentos do governo, apenas alimentos que sua família levava e doações de outros presos.
“Onde eu estava só comíamos se a família trouxesse alguma coisa. Não tinha cozinha nem nada, mas dava para colocar dois tijolos, os presos cruzavam os fios e ligavam na energia. E cozinharam macarrão branco em uma panela. Eu estava muito doente. Lá, um prisioneiro cozinhava para mim e me dava comida. Pedi à minha família que me trouxesse biscoitos ou chá, coisas que durassem.”
Começos no futebol profissional
Após os problemas nas quadras, Maravilla Martínez teve a chance de retornar ao futebol. Em 2015, assinou por três temporadas com o Defensor Unidos, da Quarta Divisão argentina. Lá, ele disputou 84 partidas, marcou 36 gols e deu uma assistência.
Ao deixar o Defensores, foi para o Atlanta, da Terceira Divisão. Em sua primeira e única temporada, marcou 15 gols – um deles foi contra o River Plate, pela Copa Argentina.
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Em 2018, sua primeira oportunidade fora do país de origem. Contratado pelo Sol de América, da elite paraguaia, o atacante seguiu com bons números: 12 gols em 19 partidas. Seu desempenho o levou a ser comprado pelo Libertad, time mais tradicional do futebol local.
Ao longo das quase três temporadas em que permaneceu no clube (2019 a 2021), Martínez viveu os momentos de maior sucesso da sua carreira até à data. Pelo time alvinegro, foram 86 jogos, 22 gols, nove assistências e dois títulos: a Copa Paraguai de 2019 e o Torneio Apertura de 2021 (“primeiro turno” do campeonato nacional).
Ainda em 2021, foi emprestado pelo Libertad ao Cerro Porteño, outro gigante do Paraguai. Na mesma temporada, conquistou o Torneio Clausura, equivalente ao segundo turno. Sua passagem pelo clube durou apenas 10 jogos e ele não teve uma única bola na rede.
Em 2022, atuou no futebol brasileiro. Emprestado ao Coritiba, o atacante disputou a Série A e a Copa do Brasil. No total, ele disputou 24 partidas, marcou um gol e deu uma assistência. Na temporada seguinte, deixou o Brasil para jogar no Instituto, da Argentina.
De volta ao seu país, Martínez teve a sua melhor temporada até agora num clube nacional de elite. Pelo Instituto, marcou 18 gols e quatro assistências em 42 jogos.
Os números desta temporada, porém, já são melhores. Pelo Racing em 2024, Adrian fez 42 partidas, 26 gols e seis assistências.
Artilharia e chances de título no Sul-Americano
Martínez terá a chance de se isolar na artilharia sul-americana no dia 23 de novembro (sábado). Na data, Racing e Cruzeiro se enfrentarão para decidir o torneio. A partida será realizada no Estádio General Pablo Rojas, em Assunção, no Paraguai.
A notícia Cruzeiro x Racing: a incrível história do artilheiro argentino que se profissionalizou aos 23 anos foi publicada primeiro no No Attack do No Attack
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