PIB da zona euro, terceiro trimestre de 2024

A economia da zona euro cresceu 0,4% no terceiro trimestre, mostraram números preliminares publicados pela agência de estatísticas da União Europeia na quarta-feira.

Economistas consultados pela Reuters esperavam um crescimento de 0,2%. após a expansão de 0,3% do bloco no segundo trimestre.

Espanha registou uma das taxas de crescimento mais elevadas, aumentando 0,8% face ao trimestre anterior, enquanto a Irlanda – que regista geralmente valores voláteis devido à elevada proporção de empresas internacionais aí instaladas – subiu 2%.

A maior economia da zona euro, a Alemanha, registou um crescimento surpreendente de 0,2% no terceiro trimestre. Isso permitiu à maior economia da Europa evitar a recessão prevista por alguns economistas, enquanto se debate com uma recessão no seu principal sector industrial.

“Embora tenha sido evitada uma recessão técnica, a economia alemã continua pouco maior do que era no início da pandemia”, disseram analistas do ING numa nota de quarta-feira, chamando a nação de “íman para notícias macro negativas”.

Analistas dizem que a actividade empresarial da zona euro e a confiança do consumidor deverão recuperar cautelosamente nos próximos meses, num contexto de taxas de juro mais baixas e de arrefecimento da inflação.

O Banco Central Europeu cortou as taxas pela terceira vez este ano, na sua reunião de Outubro, depois de a inflação global ter atingido 1,7% em setembro, segundo leitura final. O BCE citou sinais persistentes de fraca actividade na área do euro como um factor-chave na decisão do banco central de decretar um corte em Outubro.

Os mercados avaliaram integralmente outro corte de 25 pontos base do BCE na sua última reunião do ano, em Dezembro. A taxa directora do BCE, a facilidade permanente de depósito, está actualmente em 3,25%.

Franziska Palmas, economista sénior para a Europa da Capital Economics, disse que um crescimento mais forte do que o esperado não impediria o BCE de reduzir as taxas em Dezembro e prevê uma redução ainda mais acentuada de 50 pontos base.

Palmas disse que o crescimento do PIB da zona euro desacelerará no quarto trimestre, com a Alemanha ainda tendo um desempenho inferior na indústria e com a Itália lutando com o fim dos incentivos fiscais à indústria da construção, enquanto a inflação ficaria abaixo das previsões do BCE para o período de três meses.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse durante a sua conferência de imprensa em Outubro que o Conselho do banco central apenas debateu um corte de 25 pontos base.

No entanto, a possibilidade de o banco central optar por uma redução maior, de meio ponto percentual – como fez a Reserva Federal dos EUA em Setembro – tem sido cada vez mais discutida ao longo do último mês. Isto ocorreu no momento em que alguns decisores políticos do BCE reconheceram que poderão em breve ter de lidar com a questão da inflação pré-Covid-19 do BCE, que está persistentemente abaixo da meta de 2% da instituição.