As forças norte-coreanas são um número pequeno até agora, pelo menos 3.000, segundo os EUA, em comparação com as centenas de milhares que o Ocidente estima terem sido mortos na Ucrânia em ambos os lados. Mas poderá permitir à Rússia reorganizar-se e avançar e, se funcionar, a Coreia do Norte poderá enviar mais. Tem um exército de um milhão de homens.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse na quarta-feira que os relatos de que a Coreia do Norte enviava soldados para a Rússia eram “falsos e exagerados”, informou a mídia local. No entanto, o Kremlin não negou diretamente os relatórios.
“Estou muito preocupado”, disse ontem à MSNBC James Stavridis, almirante aposentado da Marinha dos EUA e ex-comandante supremo das forças da OTAN. “É um verdadeiro impulso para os russos. E posso garantir que serão norte-coreanos bem treinados e capazes.”
E também poderá ter um impacto psicológico nas forças ucranianas já sitiadas, sendo a mensagem implícita da Rússia: “Podemos continuar a lutar durante muito tempo”.
Tudo isto pode mudar a mentalidade também noutros países.
A guerra está efectivamente a alargar-se para incluir a Ásia. Que outros líderes poderiam decidir enviar as suas forças para o campo de batalha? E se um soldado norte-coreano for morto com armas da NATO, como reagirá o frequentemente imprevisível Kim?
Esta semana a Coreia do Sul convocou o embaixador russo, buscando a “retirada imediata” das tropas norte-coreanas da Rússia. Numa reunião com o embaixador, Georgiy Zinoviev, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Sul, Kim Hong-kyun, advertiu que Seul “responderá com todas as medidas disponíveis”.
Outro impacto político poderá ser sentido pelos países que ocupam o terreno entre a Rússia e o Ocidente.
No palco esta semana com Putin, Xi e Pezeshkian estavam líderes de países como Brasil, Egito, Emirados Árabes Unidos e Índia. Cada um deles é parceiro dos EUA no comércio e/ou segurança. São também membros do grupo conhecido como BRICS – que representa 41,1% da população mundial e 37,3% do seu produto interno bruto – que se reuniu na cidade para a sua cimeira anual.
À medida que os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente aumentam, torna-se mais difícil caminhar nessa linha neutra.
“Somos parceiros dos Estados Unidos e parceiros de outros países também”, disse o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, à NBC News em entrevista no encontro na cidade de Kazan, no leste da Rússia.
Questionado se havia levantado com Putin os perigos de outro país enviar tropas para combater a Ucrânia, ele hesitou: “Nunca ouvi falar disso antes. Ele não me contou. Não sei”.
Hoje, muitos russos comuns dizem que querem a paz.
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