Um momento que era para ser de relaxamento virou pesadelo para um torcedor do Cruzeiro. Kiria Ribeiro, de 30 anos, estava no setor vermelho do Mineirão, durante o empate em 1 a 1 entre seu time do coração e o Bahia, quando sofreu um caso de racismo de outro torcedor do Cruzeiro.
A comunicadora relata que tudo começou quando ela foi repreender um torcedor que, na época, quebrava cadeiras no estádio, após gol perdido pelo Cruzeiro. “Naquele exato momento, sua irmã apareceu me perguntando quem eu era para falar assim com o irmão dela.”
“E, além disso, dizer que não poderia estar naquele setor do estádio porque o ingresso tinha o preço mais alto e eu não poderia pagar porque era negra”, relatou ela em seu relato no Instagram.
Em contato com o No ataqueKiria Ribeiro revelou que não teve reação na ocasião e, por isso, não contatou as autoridades do estádio nem registrou boletim de ocorrência. “Nunca tinha experimentado um racismo tão flagrante, em palavras. Desde o início, eu já havia notado um olhar estranho da parte dela.”
“Mas vivenciamos esse racismo velado a qualquer momento. Fiquei paralisado. Dói muito, não dormi à noite, ainda estou assimilando o que aconteceu”, declarou.
O ato deixou uma marca em Kiria capaz de privá-la de fazer o que gosta. Para o No ataqueela declarou que não queria mais voltar ao estádio. “Eu não quero mais isso. Por mais que eu goste, não quero voltar”, disse ela emocionada.
Declaração do Mineirão
Em nota oficial, o Mineirão lamentou o ocorrido e declarou que contribui no atendimento, acolhimento e encaminhamento das vítimas quando há casos dos quais tem conhecimento. Ele destacou ainda que está à disposição das autoridades policiais nas investigações.
Além disso, em nota, o estádio reitera a importância de as pessoas denunciarem casos de racismo e registrarem boletim de ocorrência para atuação das autoridades responsáveis.
O Mineirão lamenta e repudia qualquer ato de injúria racial que possa ocorrer dentro do estádio. Quando um fato se torna conhecido, o Mineirão busca trabalhar no atendimento, acolhimento, encaminhamento e acompanhamento das vítimas. O estádio conta com 365 câmeras de vigilância e está sempre à disposição das autoridades para auxiliar nas investigações.
Com o apoio de clubes e órgãos públicos, o Mineirão realiza constantemente campanhas educativas com os torcedores, tanto nos dias de jogos quanto em suas redes sociais. O estádio possui um canal de denúncias por WhatsApp, com QR Codes espalhados por todo o estádio, para casos de insultos raciais, assédio sexual ou qualquer tipo de discriminação. A intenção é agilizar o atendimento e colaborar na apuração dos fatos junto aos órgãos de segurança. É importante que as denúncias sejam feitas para que os responsáveis sejam punidos.
Conhecimento
Ainda publicando em suas redes sociais, Kiria Ribeiro refletiu sobre o racismo no Brasil. “Foi um lembrete de que sempre existem barreiras e discriminações que tentam nos dividir. Os comentários dessa garota foram cruéis e preconceituosos. Em vez de respeitar as diferenças, as pessoas insistem em condená-las”.
“Precisamos continuar a combater o racismo, não só no desporto, mas em todas as esferas da vida. A nossa presença e a nossa voz são essenciais para promover mudanças e garantir que todos se sintam respeitados. Como disse Mandela, o racismo precisa ser combatido conscientemente, e não tolerado discretamente”, concluiu.
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