A força do movimento feminino

A força do movimento feminino


Nas Olimpíadas de Paris, em julho e agosto deste ano, pela primeira vez na história houve números iguais de atletas femininos e masculinos. O Brasil, aliás, se salvou no ranking de medalhas pela força feminina. O COB enviou à França 277 atletas – 153 eram mulheres e 124 eram homens. O elenco feminino representou 55% do total e as mulheres foram responsáveis ​​por 65% das medalhas (13 no total, os homens 7), incluindo as únicas três medalhas de ouro da lista. Foi extraordinário.

Não foi uma simples travessia, pelo contrário. Embora ainda haja um longo caminho a percorrer para que a sociedade respeite as mulheres como deveria, é bom lembrar que a conquista no esporte chegou tarde, fruto de bases sexistas sólidas e inaceitáveis ​​lançadas no nascimento dos Jogos do Era Moderna, na Grécia em 1896 — uma estreia sem mulheres. À frente do empreendimento estava o francês Barão de Coubertin (1863-1937), autor de um comentário que hoje machuca os ouvidos, é terrível, mas que na época foi recebido com naturalidade: “Imprático, desinteressante, inestético e, não hesitamos para acrescentar, incorreto – assim seria uma Olimpíada com mulheres.”

Na época de Paris, em 1900, eram apenas 22 representantes, que nem disputavam medalhas. O prêmio foram certificados de participação. Em 1924, na mesma Cidade Luz, eram 4% do total, o que mostra o quão relevante é o salto atual. Ao longo do caminho, um choque decisivo veio do ímpeto revolucionário de uma francesa, Alice Milliat, que fundou os Jogos Mundiais Femininos na década de 1920, um evento à parte que acabou por chamar a atenção do Comité Olímpico Internacional (COI).

Uma forma de acompanhar esta aventura, feita de esforço e ativismo, é ver a exposição Pioneiros do Atletismo Brasileiro nas Olimpíadas 1948-1984, no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro, a partir desta quarta-feira, 16 de outubro. A exposição é obra da ESPM, escola referência, autoridade em marketing e inovação empresarial, por meio do LEMBRAR, Laboratório de Estudos da Memória e Representação Brasileira.

Criado pela ex-atleta Eleonora Mendonça – primeira maratonista brasileira a ir às Olimpíadas, em 1984 –, o acervo de fotos, vídeos e áudios retrata a trajetória das primeiras brasileiras que competiram no atletismo olímpico, abrangendo dez edições dos jogos , de 1948 a 1984. “A ideia é levantar o véu de escuridão que apagou a carreira dos atletas”, disse VEJA Eleonora, que criou um Instituto destinado a iluminar injustiças. “Além de evidenciar os desafios enfrentados por esses pioneiros, a exposição apresenta um rico acervo visual que inclui uniformes, reportagens jornalísticas e depoimentos de personagens que fazem parte dessa história pouco conhecida”, afirma André Beltrão, pesquisador do Laboratório LEMBRAR da ESPM . No sábado, dia 19 de outubro, das 14h às 17h, haverá um evento especial com a presença de Eleonora e de alguns dos ex-atletas que contam essa saga.

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“Excluído”

Entre os personagens listados entre os pioneiros, destacam-se nomes que precisam ser recuperados. A própria Eleonora Mendonça, a primeira na maratona brasileira, em 1984. Wanda dos Santos, nos 80 metros com barreiras nas Olimpíadas de 1952. Aída dos Santos, quarta colocada no salto em altura nos Jogos de 1964, em Tóquio. E uma figura especialmente comovente, Irenice Maria Rodrigues, “apagada” das enciclopédias pelas autoridades. Recordista brasileira nos 400 e 800 metros em 1967, a atleta negra corria o risco de ser proibida de disputar os Jogos Pan-Americanos de Winnipeg – naquela época, a prova dos 800 metros era considerada desgastante demais para o corpo feminino.

Irenice fez parte de um movimento de protesto que reuniu atletas contra o autoritarismo do Conselho Nacional do Desporto e, ao final, foi inscrita no Pan. No ano seguinte, integrou a delegação brasileira nos Jogos da Cidade do México. Porém, acusada de indisciplina e agressão por supostamente brigar com uma colega, em meio a exclamações de racismo, foi demitida e teve que retornar ao Brasil. A vida de Irenice foi contada no excelente curta-metragem À procura de Irenice, de Marco Escrivão e Thiago B. Mendonça, que pode ser conferido durante a exibição de Pioneiros do Atletismo Brasileiro nas Olimpíadas 1948-1984.

Irenice Maria Rodrigues: manifestante, foi “apagada” pelas autoridades durante a ditadura (//Reprodução)

Eleonora Mendonça no cartaz da exposição: a primeira brasileira a participar de uma maratona olímpica, em 1984
Eleonora Mendonça no cartaz da exposição: a primeira brasileira a participar de uma maratona olímpica, em 1984 (//Divulgação)

Assista ao curta-metragem Procurando por Irenice



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