Os africanos e as pessoas de ascendência africana que sofreram o uso excessivo da força e outras violações dos direitos humanos por parte das autoridades policiais enfrentam impunidade generalizada e contínua, revela um novo relatório.
O Mecanismo Internacional de Especialistas Independentes para a Promoção da Justiça e da Igualdade Racial na Aplicação da Lei apresenta o documento ao Conselho de Direitos Humanos nesta quarta-feira, em Genebra, juntamente com as conclusões das visitas ao Brasil e à Itália.
Racismo sistêmico
No Brasil, o mecanismo concluiu que o racismo contra pessoas de ascendência africana é sistémico e generalizado. Devido a uma prática sistêmica de discriminação racial por parte da polícia, os afro-brasileiros têm três vezes mais probabilidade de serem mortos pela polícia.
Os peritos afirmaram que, além disso, os direitos das vítimas à justiça, à verdade, às reparações e às garantias de não repetição eram “raramente cumpridos” e recomendaram várias medidas que os Estados deveriam tomar para proporcionar justiça, responsabilização e reparação.
O presidente do Mecanismo Internacional de Peritos Independentes para a Promoção da Justiça Racial e da Igualdade na Aplicação da Lei, Akua Kuenyehia, afirma que “as manifestações de racismo sistémico contra pessoas de ascendência africana e africana nos sistemas de aplicação da lei e de justiça criminal ainda prevalecem em muitos países”. partes do mundo, e a impunidade generalizada persiste”.
Recomendações para ação
A especialista Tracie Keesee, que faz parte do grupo, acrescentou que pessoas e comunidades afetadas pela violência e má conduta policial relataram dificuldades que enfrentam para exigir justiça, responsabilização e reparações por violações cometidas por agentes da lei.
Nó relatório Apresentado para a 57ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, o mecanismo especializado avaliou as barreiras enfrentadas pelas pessoas de origem africana e afrodescendente na exigência de justiça, responsabilização e reparação.
Fim da impunidade
O documento destacou as medidas mínimas necessárias para combater a impunidade, complementadas por recomendações específicas orientadas para a acção. As recomendações incluem procedimentos de denúncia, revisão e investigação, a criação de órgãos de supervisão civil independentes para a aplicação da lei e a criação de mecanismos de apoio independentes para vítimas e comunidades.
Para o especialista Víctor Rodríguez Rescia, os Estados devem investir na criação de instituições sólidas para proporcionar eficazmente justiça, responsabilidade e reparação às vítimas.
Acrescenta que as nações têm o dever de cumprir o direito da vítima à reparação de forma rápida, adequada e eficaz, sendo necessário um apoio abrangente e holístico para atingir este objectivo.
*Com relatório da ONU Brasil
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