Ex-técnico do Atlético leva time tradicional da Série C para a Série B

Desde que deixou o Atlético, em 2019, o técnico Rodrigo Santana não conseguiu se firmar em nenhum time: acumulou curtas passagens por seis times, de três países diferentes, e ainda perdeu o cargo de auxiliar técnico que assumiria no Corinthians, no final de 2022, após participar de ato pró-intervenção militar no Brasil.

Porém, assim que Rodrigo chegou ao Remo, em meados de 2024, a situação mudou. Em pouco mais de quatro meses de trabalho, mudou o tradicional time paraense “da água para o vinho”, tornou-se uma figura querida e alcançou a maior conquista de sua carreira: a promoção da Série C à Série B do Campeonato Brasileiro.

A promoção do Remo foi confirmada neste domingo (29/9), com a vitória por 1 a 0 sobre o São Bernardo, no Mangueirão, em Belém, pela quinta rodada do Grupo A da segunda fase da “Terceirona”.

O Leão Azul, portanto, retornará à Segunda Divisão após três anos afastado. E o que já é bom ainda pode melhorar: o time remista segue brigando pelo título da Série C. Para chegar à final, terá que superar o Volta Redonda na sexta e última rodada – ambos somam nove pontos, mas o time carioca leva melhor no saldo de gols (3 a 2).

Rodrigo Santana liderou a reviravolta do Remo

O cenário que o ex-técnico do Atlético encontrou ao assumir o Remo, no final de maio, foi bem diferente do atual. O time estava em crise: havia perdido quatro dos seis primeiros jogos na Terceira Divisão e estava na zona de rebaixamento (estava na 17ª colocação, com quatro pontos).

Rodrigo conseguiu mudar rapidamente o panorama do time azulino: reanimou os jogadores e, nas 13 rodadas seguintes, somou sete vitórias, um empate e cinco derrotas. A classificação para o quadrangular de acesso veio no último jogo da primeira fase, em que o empate em 0 a 0 contra o São José-RS foi suficiente para garantir ao Leão Azul a oitava e última vaga na fase seguinte.

No quadrangular de acesso, o Remo se solidificou e seguiu invicto: foram duas vitórias e três empates em cinco jogos no Grupo A. Falta uma rodada, mas o time paraense, vice-líder do grupo, não pode mais ser alcançado do São Bernardo, terceiro, tem quatro pontos a menos e busca a vitória sobre o último colocado Botafogo-PB para tentar terminar na liderança e avançar à final, que será disputada contra o líder do Grupo B.

“Nesse momento, tanto eu quanto a diretoria estávamos tão focados no acesso que nem falamos em 2025. Prioridade do Remo. Esperamos conversar no futuro”

Rodrigo Santana, técnico do Remo, ao jornal O Liberal

A chance de Rodrigo no Atlético

Rodrigo Santana teve a grande chance da carreira no Atlético após fazer um bom trabalho na URT – chegou às quartas de final da Série D em 2017 e às semifinais do Mineiro em 2018. Inicialmente, ocupou o cargo de coordenador técnico do os Sub-20. Depois, tornou-se treinador de juniores e adjunto da equipa principal.

Quando o Galo dispensou Levir Culpi, no dia 11 de abril de 2019, Santana assumiu o comando interinamente. Foram 17 jogos até que a diretoria alvinegra nomeasse o profissional.

Em sete meses no Atlético, Rodrigo Santana disputou 41 partidas, com 18 vitórias, seis empates e 17 derrotas. A equipe chegou às semifinais do Campeonato Sul-Americano (eliminado pelo Colón-ARG) e às quartas de final da Copa do Brasil (derrotado pelo Cruzeiro).

No Brasileirão, o Atlético ficou no G4 até a 14ª rodada. Nos 11 jogos seguintes, somou apenas quatro pontos e caiu para a 11ª colocação. Assim, o clube optou pela demissão de Rodrigo no dia 13 de outubro.

Sequência de carreira

A experiência no Atlético deu visibilidade a Rodrigo, que comandou Avaí e Coritiba em 2020, o Confiança, em 2021, e ainda acertou com o Corinthians para ser auxiliar técnico no final de 2022.

Porém, o Timão desistiu de contratá-lo após ele publicar uma foto em ato bolsonarista que defendia a intervenção militar após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em outubro de 2022.

No ano seguinte, Rodrigo teve duas experiências internacionais – ambas sem sucesso: treinou RANS Nusantara, da Indonésia, e Vaca Díez, da Bolívia.

Em 2024, Rodrigo esteve à frente do Atlético no Campeonato Mineiro. Em nove jogos, venceu cinco, empatou um e perdeu três. O treinador deixou o Esquadrão após ser eliminado na primeira fase do campeonato estadual.