Esta quarta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou o Conselho de Segurança que “o inferno está a rebentar no Líbano” ao longo da linha de separação patrulhada pela ONU. O líder das Nações Unidas relatou trocas de tiros maiores em “alcance, profundidade e intensidade” do que antes.
Durante discursos na Assembleia Geral, vários representantes mundiais destacaram a preocupação com a escalada da violência no Líbano. Também na quarta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que uma guerra “total” é possível entre o Hezbollah e Israel.
As pessoas abandonam suas casas a cada minuto
A Agência da ONU para os Refugiados, ACNUR, relatou pessoas fugindo dos ataques israelenses contra alvos do Hezbollah nas primeiras horas da manhã de quinta-feira. A ofensiva de Israel foi uma resposta aos ataques levados a cabo pelo Hezbollah, que incluíram uma primeira tentativa de ataque com mísseis contra Tel Aviv.
Citando autoridades libanesas, o ACNUR afirmou que mais de 90 mil pessoas foram deslocadas desde 23 de setembro e “mais pessoas abandonam as suas casas a cada minuto”.
Numa mensagem de vídeo emitida quinta-feira em Nova Iorque, o chefe das Operações de Manutenção da Paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, disse estar “profundamente preocupado com a acentuada escalada ao longo da linha azul”.
Ele enfatizou que tanto a população libanesa como a israelense “estão em extremo perigo, com centenas de mortos e milhares de feridos só nos últimos dias”. Lacroix alertou que “a segurança e a estabilidade regionais estão em risco”.
Milhares de famílias atravessam a fronteira para a Síria
O representante do ACNUR na Síria, Gonzalo Vargas Llosa, disse que “milhares de famílias sírias e libanesas estão atravessando a fronteira para a Síria”, incluindo mulheres e crianças.
O exército israelense anunciou ataques a mais de 70 alvos durante a noite de quarta-feira no Vale do Bekaa, no leste do sul do Líbano. Acredita-se que ambas as áreas sejam redutos do Hezbollah.
Em meio a veículos carregados com pertences amarrados ao teto e inúmeras pessoas fazendo fila no lado sírio da fronteira, Llosa disse que o ACNUR está trabalhando para fornecer água, comida, cobertores e colchões.
Cessar-fogo rejeitado
Segundo agências de notícias, uma proposta de cessar-fogo de 21 dias feita pelos Estados Unidos e países europeus, incluindo a França, e várias nações árabes foi rejeitada por membros do governo de Netanyahu.
Os últimos dados do Ministério do Interior do Líbano indicam que 70.100 pessoas deslocadas internamente estão agora registadas em 533 centros geridos pelo governo. Cerca de 500 mil pessoas foram deslocadas após meses de confrontos entre o Hezbollah e Israel.
O ACNUR afirma que as suas equipas “estão de prontidão para ajudar mais civis que fogem dos ataques aéreos, fornecendo abrigo, assistência médica e apoio psicossocial”.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, apelou a “mais abrigos e mais fundos” para prestar apoio fundamental aos necessitados. A agência está distribuindo kits emergenciais de higiene, cobertores, sacos de dormir e kits de dignidade para abrigos para pessoas deslocadas.
A recente escalada de violência deixou mais de 600 mortos e 1.835 feridos.
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