Danilo critica planejamento e admite que Seleção está ‘um passo atrás das potências’

A seleção brasileira fará seu último compromisso na atual data Fifa nesta terça-feira (9/10). O Brasil enfrenta o Paraguai às 21h30 (horário de Brasília), no Defensores del Chaco, em Assunção, pela oitava rodada das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026. Antes do confronto, o lateral-direito e capitão Danilo avaliou o momento da seleção.

Danilo não se concentrou tanto na partida em si. A seleção brasileira tem sido alvo de críticas por diversos motivos, desde a recente troca constante de treinadores até desempenho e resultados, que têm deixado a desejar.

O capitão deixou claro que entende a atitude de parte da torcida e deu seu panorama do que vem acontecendo com a Seleção. Ele destacou que, hoje, vê o Brasil “um passo atrás” das potências do futebol mundial em grande parte devido à organização da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que foi alvo de críticas do zagueiro nesta segunda-feira.

“Separo em duas colunas: a primeira diz respeito à qualidade dos jogadores, ao material humano. Nesse quesito, a equipe continua sendo uma das melhores do mundo. Passei duas temporadas no futebol europeu e acho que tenho algo a dizer sobre isso. E tenho a certeza do que digo, que em termos de matérias-primas continuam a ser algumas das melhores do mundo. Mas tem uma coisa que existe em outros países né, no mundo todo, que é organização, planejamento. Sempre veja além do que você está vivenciando no momento. E tenho certeza de que estamos carentes disso há algum tempo. Nos outros dois ciclos, apesar de termos feito isso muito bem, não conseguimos vencer. Então você pensa, se não conseguimos fazer isso e não conseguimos vencer com tudo perfeitamente bem, estamos um passo atrás”, disse em conferência de imprensa.

O jogador acrescentou: “A seleção brasileira em geral teve muita instabilidade, nomes, treinadores, estratégias, planos. Demorou um pouco para pensar na rota. Perdeu-se tempo a este respeito e isso significa que estamos um passo atrás das principais potências neste domínio. Tudo isso porque nosso conjunto de matéria-prima e organização ainda não está bem feito. Agora, com Dorival, pode-se dizer que as coisas tomaram um rumo planejado. Depois da Copa, perdemos tempo e deixei isso bem claro para o presidente. Isso nos deixa um passo atrás.”

Desculpas aos fãs pela confusão

Danilo também aproveitou uma das perguntas da coletiva para pedir desculpas publicamente a todos os torcedores que se sentiram ofendidos com o episódio em que discutiu com um torcedor na arquibancada. A confusão ocorreu quando o torcedor criticou a Seleção após o empate sem gols contra a Costa Rica, na primeira rodada da Copa América.

“Primeiramente, em relação a essa comparação de palavras e atitudes, gostaria de voltar um pouco ao jogo de abertura da Copa América. Gostaria de pedir desculpas a todos os torcedores que se sentiram ofendidos pelo meu encontro com um torcedor no final da partida. Acho que o futebol é totalmente apaixonante, as emoções estão sempre à flor da pele. O torcedor tem todo o direito de cobrar, de criticar, de expressar o que pensa. Sou humano e reconheço que naquele momento tive uma atitude que, como atleta, como pai, como capitão da seleção brasileira, não deveria ter tido”, comentou o atleta.

O lateral-direito afirmou que para aproximar novamente os torcedores da seleção brasileira é preciso encontrar um padrão de demonstração de raça em campo. Para ele, essa atitude já foi demonstrada na vitória por 1 a 0 sobre o Equador, nesta sexta-feira (9/6).

“Em relação ao que esperar de nós, acho que temos que encontrar um equilíbrio, um padrão de luta em campo, de raça, que muitas vezes é o que a torcida pede. Acho que demonstramos muito bem neste último jogo, muitas vezes em contra-ataque, o retorno dos nossos atacantes e meio-campistas, eles sempre retornavam muito rápido atrás da linha da bola, algo muito bonito de se ver. Essa também é uma das razões pelas quais não sofremos muitos golos. E temos que manter um nível, não podemos oscilar. Temos que manter um nível mínimo de disposição, comprometimento e luta. Acho que isso faz as pessoas olharem e dizerem: ‘Eles estão vestindo a camisa da Seleção Brasileira com determinação’. Temos que manter uma linha”, concluiu.

Danilo projeta confronto contra o Paraguai

Danilo, claro, também foi questionado sobre o que a Seleção espera para esse confronto contra o Paraguai. O capitão destacou que conhece as expectativas depositadas na seleção, mas disse que será um duelo muito difícil, com muita fisicalidade e muitas faltas.

“Isso é curioso, porque as expectativas aumentam muito. Todo mundo espera um certo tipo de jogo, mas o Paraguai sempre foi um time muito físico. Os jogos das eliminatórias, assim como os jogos da Libertadores aqui na América do Sul, são muito especiais, com características bem diferentes do que é o futebol europeu. É muito difícil fazer o jogo andar, um jogo que às vezes é muito sujo, onde o árbitro para e tem que chamar a atenção. Muitas vezes o jogo não roda, o que afeta o desempenho. Vencemos aqui nas eliminatórias e sabe-se lá quantos anos se passaram desde que isso aconteceu. Então é claro que a expectativa aumenta e temos que saber lidar com isso, esperando uma atuação mais impressionante da seleção brasileira, mas os jogos são realmente difíceis, independente do momento do Paraguai. É um time difícil, que corre, que luta”, disse o jogador.

Por fim, Danilo valorizou o triunfo sobre o Equador na última sexta-feira, mesmo com a Seleção tendo um desempenho abaixo do que sabe que pode produzir. Ele ressaltou que, com a vitória, o ambiente ficou muito mais tranquilo para a correção de erros.

“Outro dia o resultado foi muito importante, porque estávamos de mau humor, digamos assim, com tristeza por tudo que foi a Copa América, por toda expectativa que tínhamos e pelo resultado não ter sido alcançado. Junto com isso, nossa posição na tabela das Eliminatórias. Então era importante vencer, dar sinal, subir posições. E quando você vence fica muito mais fácil corrigir as coisas, o ambiente melhora. Assim fica mais fácil superar obstáculos, esse é o caminho. É claro que queremos jogar bem, temos muito que melhorar e temos consciência disso. Esse é o primeiro passo”, finalizou o atleta.