Milhares de turcos protestam contra lei controversa para remover cães vadios

Milhares de manifestantes reuniram-se em Istambul no domingo para protestar contra a recente legislação que, segundo os críticos, está a levar à matança de cães vadios em toda a Turquia.

No mês passado, os legisladores aprovaram a nova lei que visa remover milhões de cães vadios das ruas turcas, alegando preocupações de segurança. Os amantes dos animais temem que isso leve ao abate generalizado ou que os cães acabem em abrigos superlotados e infestados de doenças.

O presidente Recep Tayyip Erdogan disse que a lei era necessária para lidar com o “problema dos cães vadios” do país.

Os manifestantes de domingo pediram a revogação da lei, brandindo cartazes com os dizeres “abrigos são campos de extermínio” e “retirar a maldita lei”.

“Queremos que esta lei seja revogada imediatamente”, disse o manifestante Hasan Kizilyatak, 64 anos, à Associated Press. “Eles (cães vadios) são seres vivos, assim como nós. Estamos aqui porque somos contra a sua aniquilação.”

Ayten Arslan, 55, que disse apoiar Erdogan, também apareceu para protestar.

“Assim como estivemos ao lado do nosso presidente em 15 de julho (2016), quando houve uma tentativa de golpe, estamos aqui pelos animais vadios”, disse ela à AP. “Como apoiador do Partido AK, digo que esta lei é uma lei sangrenta.”

O principal partido da oposição, o Partido Popular Republicano, decidiu revogar a lei no Tribunal Constitucional menos de duas semanas depois de ter sido aprovada.

O governo estima que cerca de 4 milhões de cães vadios perambulam pelas ruas e áreas rurais da Turquia. Embora a maioria seja inofensiva, várias pessoas, incluindo crianças, foram atacadas.

Um relatório divulgado pela Associação Ruas Seguras e Defesa do Direito à Vida, organização que faz campanha pela retirada de todos os cães vadios das ruas, afirma que 65 pessoas morreram em ataques de cães de rua desde 2022.

A nova legislação exige que os municípios recolham cães vadios e os alojem em abrigos para serem vacinados, castrados e esterilizados antes de os disponibilizarem para adoção. Cães que estejam com dor, com doenças terminais ou que representem um risco à saúde dos humanos serão sacrificados. O projeto de lei inicial incluía gatos, mas esse artigo foi alterado após protestos públicos.

No entanto, muitos questionam onde os municípios com dificuldades financeiras encontrariam o dinheiro para construir os abrigos adicionais necessários.

Os activistas dos direitos dos animais temem que alguns municípios possam matar cães sob o pretexto de que estão doentes, em vez de alocar recursos para os abrigar.

Vídeos mostrando cães e gatos mortos enterrados em valas têm circulado nas redes sociais recentemente. Ativistas dos direitos dos animais dizem que os animais foram mortos indiscriminadamente após a aprovação da lei.