OMS celebra pausa humanitária em Gaza para garantir vacinação contra a pólio

O representante da Organização Mundial da Saúde, OMS, para os territórios palestinos ocupados, Richard Peeperkorn, falou diretamente de Gaza sobre o início da campanha de vacinação contra a poliomielite e a situação geral da saúde.

A campanha, que terá início no dia 1 de setembro, pretende imunizar mais de 640 mil crianças menores de 10 anos com a vacina oral contra a poliomielite tipo 2. A iniciativa será realizada em duas fases.

Vacinação

O Diretor-Geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, saudou o compromisso com pausas humanitárias em áreas específicas e a suspensão das ordens de evacuação para a implementação da campanha. Acrescentou que “o único remédio duradouro é a paz” e que a única forma de proteger plenamente todas as crianças de Gaza é um cessar-fogo.

Cerca de 1,26 milhões de doses de vacinas já foram entregues a Gaza, juntamente com 500 transportadores de vacinas, e mais 400 mil doses chegarão em breve. Mais de 2.000 profissionais de saúde e de sensibilização comunitária foram formados para administrar vacinas e informar as comunidades sobre a campanha.

Peeperkorn enfatizou que a cobertura vacinal de pelo menos 90% em cada fase é necessária para conter o surto de poliomielite em Gaza e prevenir a sua propagação internacional.

Conselho de Segurança

Na quinta-feira, o Conselho de Segurança reuniu-se em sessão para discutir a situação no Médio Oriente. A chefe interina da divisão humanitária da ONU, Ocha, Joyce Msuya, disse aos embaixadores que os trabalhadores humanitários estavam a trabalhar “incansavelmente” para impedir a propagação da poliomielite no enclave, depois de o primeiro caso em 25 anos ter sido detectado na semana passada.

O representante da OMS, Mike Ryan, disse ao Conselho de Segurança que a campanha contra a poliomielite deve “marcar uma mudança significativa” em todo o processo de distribuição de ajuda em Gaza, que deve ocorrer numa “escala muito maior, a um ritmo muito maior”. mais rápido e sem qualquer obstáculo”.

A reunião ocorre em meio à escalada da violência dos colonos na Cisjordânia, juntamente com um ataque a uma equipe do Programa Alimentar Mundial, PAM, em Gaza, que levou a agência a suspender as suas operações no enclave devastado pela guerra até novo aviso.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina, Unrwa, continua a coordenar-se com outras agências da ONU para fornecer vacinas contra a poliomielite depois de a doença, outrora erradicada, ter reaparecido em Gaza.

Hospitais

Relativamente à situação geral de saúde, informou que 17 dos 36 hospitais de Gaza estão parcialmente funcionais, o que é insuficiente para responder às necessidades. Muitos hospitais estão a funcionar com capacidade limitada devido à falta de combustível, à escassez de pessoal e aos danos sofridos ao longo de quase 11 meses de conflito.

Peeperkorn destacou que foram registados mais de 1 milhão de casos de infecções respiratórias agudas, 600 mil casos de doenças diarreicas e milhares de casos de outras doenças, como a hepatite A, todos relacionados com as más condições de água e saneamento em Gaza.

Esta quinta-feira, a coordenadora sénior da ONU para a Ação Humanitária e Reconstrução em Gaza, Sigrid Kaag, destacou que o número de mortes no enclave se aproxima dos 41 mil e lembrou que 96% da população sofre de insegurança alimentar aguda.

Em Bruxelas, ela também discutiu o destino de mais de 12 mil civis palestinos que estão “gravemente afetados e feridos de guerra” e precisam ser imediatamente evacuados de Gaza, onde não podem ser tratados.

Cisjordânia

Relativamente à Cisjordânia, a porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, manifestou profunda preocupação com a situação, que já é catastrófica e poderá piorar ainda mais.

Ela destacou a falta de responsabilização por parte de Israel em relação à violência cometida pelos colonos e pelas Forças de Defesa de Israel e a necessidade urgente de a potência ocupante respeitar o direito internacional e investigar todos os assassinatos ilegais de forma independente e imparcial.