Enviado lista fatores que se combinam para “situação combustível” no Oriente Médio

Na Faixa de Gaza, o grande número de vítimas civis e os ataques aéreos contra escolas e mesquitas que albergam deslocados estão “alimentando o sofrimento e a violência que reverberam em toda a região”.

As declarações foram feitas pelo coordenador especial do Processo de Paz no Médio Oriente, Tor Wennesland, durante a reunião realizada em Nova Iorque, esta quinta-feira, no Conselho de Segurança.

Medidas diplomáticas

Wennesland listou a tragédia humana da guerra em Gaza, o sério risco de escalada regional e o conflito não resolvido israelo-palestiniano, juntamente com a ocupação em curso, como factores que se combinam para criar uma situação combustível no Médio Oriente.

Depois de reiterar o apelo a um cessar-fogo imediato, o enviado afirmou que as capacidades individuais e colectivas deveriam gerir ou resolver estas crises, mas que agora estão além dos seus limites.

O enviado alertou ainda que “qualquer faísca ou erro de cálculo poderá desencadear uma série de escaladas incontroláveis ​​envolvendo milhões de pessoas” nos conflitos.

Para ele, o mundo deve continuar a fazer todos os esforços para aliviar o sofrimento humano na região e isso exigiria a libertação dos reféns em Gaza.

Quadro político para acabar com o conflito

As recomendações incluem que sejam tomadas medidas diplomáticas para acalmar a região, promover ações irreversíveis para o restabelecimento de um quadro político para pôr fim ao conflito e uma solução de dois Estados.

Para o mediador, se a situação actual persistir sem solução, as perspectivas de uma região mais estável, pacífica e segura permanecerão ilusórias.

A ONU confirmou mais de 40 mil mortes no conflito desencadeado pelas ações terroristas do Hamas e de outros grupos armados palestinos em 7 de outubro de 2023. Mais de 1.600 israelenses e cidadãos estrangeiros foram mortos.

Em termos de pessoas em cativeiro, pelo menos 109 israelitas estão detidos em Gaza sem direito a visitas humanitárias. Outras dezenas de milhares ficaram feridas, a grande maioria deles palestinos, incluindo mulheres e crianças.

200.000 palestinos afetados por ordens de evacuação

O representante destacou que muitos palestinos na Faixa de Gaza “sentem que não têm mais nenhum lugar seguro para ir”. Só no mês passado, cerca de 200 mil pessoas na área foram afectadas pelas ordens de evacuação israelitas.

Dados do Ministério da Saúde palestino confirmaram esta quinta-feira os primeiros casos de poliomielite em 25 anos. Foram liberadas cerca de 1,6 milhão de doses da vacina para uma campanha que está prevista para começar em 31 de agosto.

A ONU também estima que foram gerados quase 40 milhões de toneladas de resíduos neste conflito e que a limpeza em áreas-chave deverá demorar pelo menos cinco anos.

Wennesland destacou que, embora os olhos da comunidade internacional estejam voltados para Gaza, a Cisjordânia é um barril de pólvora de violência e tensão.