Como as mulheres salvaram a lavoura nos Jogos

Como as mulheres salvaram a lavoura nos Jogos


A emocionante partida entre Brasil e Estados Unidos no Parc de Prince, em Paris, terminou com as favoritas norte-americanas se destacando e rendendo ao futebol feminino brasileiro mais uma medalha de prata para sua coleção olímpica – já eram duas. A derrota por 1 a 0 não é o resultado que a torcida verde e amarela presente no estádio neste sábado, dia 10, queria – tristeza, decepção, tudo isso foi visto depois do jogo -, mas há algo embutido ali que vai além do máximo. emoções imediatas. Com este pódio, as mulheres consolidam o bom desempenho nos Jogos. Sem eles, o quadro brasileiro de medalhas (20 hoje, 21 em Tóquio, com quatro ouros a menos) teria sido substancialmente pior. Foram eles que salvaram a colheita.

Não se preocupe, não é uma opinião – é pura matemática. O Brasil enviou 277 atletas para Paris e, classificando-se aqui e ali, acabaram conquistando 153 vagas contra 124 deles. Então eles subiram mais ao pódio porque eram maioria? Não. O elenco feminino representou 55% do total e as mulheres respondem por 65% das medalhas (13 no total, os homens 7), incluindo as únicas três medalhas de ouro da lista. É uma reviravolta histórica nos acontecimentos. Eles nunca estiveram na vanguarda. Ao longo de toda a saga olímpica, houve 47 pódios para eles, em comparação com 117 para eles.

O componente humano por trás das estatísticas torna-as ainda mais louváveis. Apenas Rebeca Andrade, a menina que escapou da pobreza com muito malabarismo, conseguiu quatro deles, somando-se aos dois mantidos em casa desde os Jogos do Japão. Nenhuma brasileira tem tantas, disco ao qual deu fortes contornos femininos. “Que outras meninas se inspirem e busquem suas vitórias”, disse ela, que chegou ao auge com seu ouro no chão contra a ginasta Simone Biles.

Ao chegarem a Paris, muitos já haviam superado as dores físicas e trilhado caminhos não lineares, nos quais tiveram que competir na corrida, às vezes na mira do preconceito. Dona do ouro suado que conquistou aos pés da Torre Eiffel, Ana Patrícia, que joga vôlei de praia com Duda, disse que o esporte para ela foi uma forma de se livrar do bullying que a perseguia devido à sua grande altura , 1. 93 metros. “Eu olho para trás e um filme passa. Eu lembro de tudo”, disse ela com o ouro (“pesa, viu?) no peito.

Rebeca Andrade – Paris 2024 (Naomi Baker/Getty Images)

Beatriz Souza, a Bia do judô, também teve sua redenção nos tatames parisienses. Ser pobre, negra e “grande”, como ela diz, também a colocou em alvo de intolerância. Quando ela deitou a cabeça no travesseiro naquela noite de vitória, com o ouro e o bronze ao seu lado, ela mal pôde acreditar. “Estava revisando mentalmente as lutas”, disse o campeão a VEJA.

“SUA PRESENÇA SERIA INCORRETA”

No nascimento dos Jogos em sua embalagem moderna, em 1896, os mitos apoiados na má ciência se espalharam à sombra do preconceito. O próprio Barão de Coubertin, o francês que teve a iniciativa de vasculhar os gregos e reeditar as Olimpíadas, repetiu uma frase que, na época, não soava como a aberração que é hoje: “Imprático, desinteressante, antiestético e, Não hesito em acrescentar, incorreto – isso seria uma Olimpíada com mulheres.” Foi o que pensou o Barão e muitas outras pessoas que o aplaudiram.

Nos primeiros Jogos de Paris, em 1900, foram apenas 22 e nem disputaram medalhas – uma participação café com leite. Em 1924, segunda vez que Paris sediou o evento, não passavam de 4% dos atletas. E assim foi, num movimento lento mas constante, empurrado por aqueles ventos da década de 1960 que agitavam bandeiras a favor da igualdade de género como nunca antes. Os avanços se desdobraram nos vários cantos da vida – conseguiram formar médicos, advogados, engenheiros – mas o muro do esporte foi mais difícil de ser derrubado.

No Brasil, a demora foi tamanha que uma lei da Era Vargas, da década de 1940, chegou a proibi-los de praticar esportes, justificando que não seria “compatível com sua natureza”. Anteriormente, em 1932, a nadadora Maria Lenk já havia feito história ao se tornar a primeira brasileira a participar de Olimpíadas, jornada ascendente em que surgiu a saltadora Aída dos Santos. Ela superou resistências em casa – fugia para treinar e relata que até foi espancada pelo pai – e terminou com o muito comemorado quarto lugar em 1960, o melhor recorde até então para uma mulher competindo no verde e uniforme amarelo.

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Beatriz Souza, do judô, conquista primeiro ouro do Brasil nos Jogos de Paris
Beatriz Souza, do judô, conquista primeiro ouro do Brasil nos Jogos de Paris (Harry Langer/Imagens DeFodi/Imagens Getty)

FALTA DE ANDAR

Algumas medidas recentes bem-vindas contribuíram para ver algo sem precedentes na paisagem parisiense: o mesmo número de homens e mulheres em acção nas arenas, palanques e piscinas. Pressionado pelos novos e inevitáveis ​​tempos, o Comitê Olímpico Internacional (COI) estabeleceu que ambos os sexos receberiam a mesma fatia do bolo de vagas, 10.500 no total, 5.250 para cada.

Não é pouca coisa, mas as barreiras não foram completamente dissolvidas. Mesmo com mais campeonatos, mais dinheiro e visibilidade, as mulheres ainda estão em enorme desvantagem em relação aos homens, o que sinaliza a necessidade de continuarmos pavimentando o caminho possível. A temporada parisiense mostra que há muito talento para subir ao pódio. E não há dúvida: nesta Olimpíada o ouro é deles.



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