Temores de recessão nos EUA provocam vendas nos mercados internacionais

LONDRES – As bolsas dos EUA estão a caminho de abrir no vermelho na segunda-feira, com as ações japonesas a sofrerem o seu pior dia de negociação desde a década de 1980 e uma liquidação global de ações a intensificar-se devido aos receios de um abrandamento económico nos EUA.

Nas negociações de futuros pré-mercado, o Dow Jones Industrial Average caiu 1,4%, o S&P 500 caiu 2,2% e o Nasdaq, com muitas ações de tecnologia, deverá cair 3,5% na abertura.

No entanto, isso é moderado em comparação com as fortes pressões que os mercados asiáticos receberam durante a noite. A queda de 12,4% do Nikkei marcou o pior dia para o índice japonês desde a “Segunda-feira Negra” de 1987 – a queda súbita e inesperada do mercado de ações que suscitou receios de uma depressão.

A maioria dos principais índices da Europa registaram recentemente uma queda entre 2% e 3%, com o Stoxx Europe 600, o índice de ações de referência da Europa, a cair 2,2%.

Tudo isto surge na sequência das brutais negociações de sexta-feira, quando um relatório de emprego nos EUA muito mais fraco do que o esperado agravou a liquidação do mercado que já estava em curso há algumas semanas, embora alguns índices, como o Nasdaq, estejam a sair de máximos recordes recentes.

Nas últimas semanas, as preocupações crescentes em torno de uma potencial recessão nos EUA assustaram os investidores. Muitos no mercado estão agora preocupados com o facto de a Reserva Federal ter sido demasiado cautelosa na redução das taxas de juro – isso torna o dinheiro mais fácil de contrair empréstimos e de movimentar mais livremente – e terá agora de alcançar outros bancos centrais globais, que agiram primeiro.

A liquidação do Japão no início da semana levou o ministro das finanças do Japão, Shunichi Suzuki, a falar com a imprensa, dizendo à imprensa que ele e os seus colegas “continuarão a monitorizar as tendências económicas e dos mercados financeiros nacionais e internacionais com um firme sentido de urgência”.

Suzuki acrescentou que, apesar das vendas de segunda-feira, a economia japonesa está com uma saúde relativamente boa quando comparada com os anos recentes.

“Vimos o maior aumento salarial em 33 anos durante as negociações trabalhistas da primavera deste ano, o investimento de capital também ultrapassou os 100 trilhões de ienes e o mercado de ações atingiu um máximo histórico, todos os quais são desenvolvimentos positivos”, disse ele.

Um aumento no valor do iene japonês face ao dólar americano – tornando os activos japoneses mais caros para os detentores de outras moedas – também provavelmente desempenhou um papel na venda.

Mesmo assim, alguns investidores colocam o seu dinheiro em obrigações do Tesouro dos EUA – os chamados activos “refúgio” que funcionam como reservas de riqueza em momentos voláteis.